Literatura Lusófona - LL
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Introdução
O acervo digital de obras raras pertencentes à área de Literatura Lusófona, que integra o Programa “Preservação da Memória Social” da UNESP, é procedente do Acervo Lívio Xavier, sob a responsabilidade do Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem). Composto de títulos significativos publicados entre o final do século XIX e início do século XX, o acervo é constituído de obras que se distribuem nos seguintes gêneros: seleta escolar (1), coletânea de crônicas (3) e de contos populares (1), romance (3), crítica e teoria literária (2), edição comentada (1), relato de guerra (1). A seleta escolar contempla clássicos portugueses (séculos XVI e XVII) e autores nacionais (século XVIII), as crônicas abordam vultos e fatos da atualidade, a antologia de contos populares representa o folclore luso, negro e indígena, os romances situam-se, os portugueses, no Romantismo, o brasileiro, entre o Naturalismo e o Simbolismo, a edição comentada é consagrada a um clássico do século XVI português (Os Lusíadas, de Camões) e o relato histórico refere-se à Revolta da Armada (1893-1894). Do inventário de obras escritas em língua portuguesa, destaca-se a literatura brasileira, representada por nomes como João Ribeiro, Sílvio Romero, Cosme Velho, pseudônimo de Araripe Júnior, Alberto Torres, Afonso Celso, visconde de Ouro Preto, Antônio Carlos Cirilo Machado, visconde de Santo Tirso, e um autor anônimo (oficial da Marinha envolvido na Revolta da Armada). Representam a literatura portuguesa apenas dois autores: Epifânio da Silva Lisboa e Camilo Castelo Branco, o primeiro, filólogo, o segundo, romancista. Quanto às editoras, as portuguesas têm liderança, e se fazem representar por três casas de Lisboa - Heitor & Lallemant (com sucursal em Paris), Livraria Clássica, Nova Livraria Internacional – e duas do Porto, - Cruz Coutinho, Companhia Portuguesa Editora, do Porto. Das editoras brasileiras, quatro situam-se no Rio de Janeiro – Campos & Cia, Livraria Moderna, Tipografia Morais, A. J. Castilho, Francisco Alves – e uma em São Paulo – Editora de Monteiro Lobato. A Aillaud & Bertrand, de Paris, é a única editora a representar o segmento francês. No que se refere à materialidade das obras, aspecto a chamar a atenção é a ausência de marcas (grifos, adendos), a revelar não apenas a procedência particular do acervo, como também os hábitos de leitura, protagonizados tão somente pelos olhos. Algumas assinaturas inscritas nas capas (caso de Miss Kate, de Cosme Velho, e Seleta clássica, de João Ribeiro), acompanhadas das datas da provável aquisição, permaneceram como rastro discreto de leitura e circulação das obras.
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Item Odes Pindaricas posthumas de Elpino Nonacriense(Imprensa da Universidade, 1801) Nonacrinense, ElpinoElpino Nonacrinense, pseudônimo de António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799) foi um poeta árcade português que adotou, como era comum entre os poetas Neoclássicos, o pseudônimo de Elpino Nonacriense. Nasceu em Lisboa, mas morreu no Rio de Janeiro. Tendo formado-se em Direito, seguiu carreira na magistratura, tomando parte, como juiz, no processo aos poetas árcades brasileiros, Tomás Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel de Costa e José de Alvarenga Peixoto, envolvidos com a inconfidência mineira. Foi um dos fundadores, em 1756, da Árcadia Lusitânia. Publicou, entre outros, O Hissope (1768), que, na Biblioteca da University of Toronto Libraries, hospedada em Archieve.org, pode ser encontrado numa interessante tradução para o francês. Além deste, há, também, os volumes 3, 5 e 6 das Poesias de António Dinis da Cruz e Silva.Item Résumé de l'histoire littéraire du Portugal, suivi du résumé de l'histoire littéraire du Brésil(1826) Denis, M. FerdinandFerdinand Denis (1798-1890), nasceu em Paris e morreu nessa mesma cidade em 1890. Reconhecido por suas viagens e seus trabalhos como historiador, foi um dos mais importantes brasilianistas do século XIX. Esteve em Salvador, Rio de Janeiro e Jequitinhonha, lugares que aparecem em seus estudos. Publicou Le Brésil, ou Histoire, mœurs, usages et coutumes des habitants de ce royaume (Paris: Nepveu, 1822), obra fundamental para a compreensão da história brasileira, de nossa cultura e costumes durante as primeiras décadas do século XIX, quando realizou boa parte de suas pesquisas e que refletem o período de tensões e impasses gerados pelo processo de independência. De 1841 a 1883, Denis trabalhou na biblioteca Sainte-Geneviève, em Paris, chegando mesmo o ocupar o cargo de administrador e ampliando o acervo com documentos históricos que foi coletando ao longo dos anos. No acervo digital da Biblioteca Nacional do Brasil é possível encontrar uma série de manuscritos, gravuras e obras de Ferdinand Denis. Na coleção de obras digitais da University of Toronto Libraries, também é possível encontrar uma série de publicações de Ferdinand Denis, incluindo o livro Resumé de l'histoire littéraire du Portugal: suivi du Résumé de l"histoire littéraire du Brésil, em que a segunda parte é justamente a síntese de Le Brésil, ou Histoire, mœurs, usages et coutumes des habitants de ce royaume.Item Logares selectos dos classicos portuguezes nos principaes generos de discurso prosaico, para uso das escholas(Imprensa da Universidade, 1845) Figueiredo, Antonio Cardoso Borges deFigueiredo, Antonio Cardoso Borges de (1792-1878), filólogo, retórico, crítico literário e estudioso da cultura clássica grega. Esta obra, editada pela Imprensa da Universidade de Coimbra, em 1845, o volume inicia-se com um prólogo, que explica o propósito e a importância da obra. Segue-se, então, o início da obra, com o “Primeiro Genero”, o “Discurso familiar”. Ao final, o volume conta com um índice, que indica os tópicos de cada um dos cinco gêneros abordados e suas referidas páginas. A Biblioteca da University of Toronto Libraries, hospedada em Archive.org, dispõe de outros três volumes bibliográficos de A. Cardoso Borges de Figueiredo, entre eles Bosquejo historico da litteratura classica e A geographia dos Lusiadas de Luis de Camões.Item Portugal(Firmin Didot Frères, 1846) Denis, M. FerdinandFerdinand Denis (1798-1890) nasceu em Paris e morreu nessa mesma cidade em 1890. Reconhecido por suas viagens e seus trabalhos como historiador, foi um dos mais importantes brasilianistas do século XIX. Esteve em Salvador, Rio de Janeiro e Jequitinhonha, lugares que aparecem em seus estudos. Publicou Le Brésil, ou Histoire, mœurs, usages et coutumes des habitants de ce royaume (Paris: Nepveu, 1822), obra fundamental para a compreensão da história brasileira, de nossa cultura e costumes durante as primeiras décadas do século XIX, quando realizou boa parte de suas pesquisas e que refletem o período de tensões e impasses gerados pelo processo de independência. De 1841 a 1883, Denis trabalhou na biblioteca Sainte-Geneviève, em Paris, chegando mesmo o ocupar o cargo de administrador e ampliando o acervo com documentos históricos que foi coletando ao longo dos anos. No acervo digital da Biblioteca Nacional do Brasil é possível encontrar uma série de manuscritos, gravuras e obras de Ferdinand Denis. Na coleção de obras digitais da University of Toronto Libraries, também é possível encontrar uma série de publicações de Ferdinand Denis, incluindo o livro Resumé de l'histoire littéraire du Portugal: suivi du Résumé de l"histoire littéraire du Brésil, em que a segunda parte é justamente a síntese de Le Brésil, ou Histoire, mœurs, usages et coutumes des habitants de ce royaume.Item Lágrimas e sorrisos(Typographia Brasiliense de F. M. Ferreira, 1847) D'Andrada, Martim Francisco RibeiroMartim Francisco Ribeiro d'Andrada (1775-1844) filho de Bonifácio José de Andrada e de D. Maria Bárbara da Silva, nasceu em Santos no ano de 1775. Graduou-se em matemática pela Universidade de Coimbra em 1798 e, voltando ao Brasil, passou a dedicar-se à política e à administração do Reino, da Província de São Paulo e do Império.Item Tres Lyras(Typ. do Progresso, 1862) Carvalho, Trajano Galvão; Rodrigues, A. Marques; Braga, G. H. de AlmeidaTrês poetas maranhenses, Trajano Galvão Carvalho (1830-1864), Antônio Marques Rodrigues (1826-1873) e Gentil Homem de Almeida Braga (1835-1876) reuniram, em 1862, os seus poemas, sob o título de Três Liras, e os publicaram pela Tipografia do Progresso, em São Luís, ao preço de 3 mil reis o volume. Integram a antologia poemas compostos ao tempo em que Trajano Galvão, Antônio Marques e Gentil Braga freqüentaram a Faculdade de Direito de Olinda, entre 1850-1860, período que corresponde ao apogeu do Romantismo no Brasil, com forte presença cultural e artística da França, no país. “Moisés no Nilo”, de Trajano Galvão, “A Rosa e a Campa”, de Antônio Marques, são expressão da influência de Victor Hugo na poesia brasileira, enquanto “Eloá” e “A Borboleta”, de Gentil Braga, prestam tributo, respectivamente, a Alfred de Vigny e Lamartine. Ao lado dos franceses, Almeida Garrett é igualmente presença marcante entre os jovens poetas-bachareis maranhenses, em particular Antônio Marques, autor de “Meus Amores”, “A Rainha da Festa (Impressões de um Baile)” e “Nove de Dezembro”, este em comemoração à morte de Garrett, em 1854. A nota nacionalista é representada por poemas que celebram o país, como “O Brasil”, título das composições de Trajano Galvão e Antônio Marques, como daqueles comemoram festas cívicas regionais, do primeiro, “Ao Dia 28 de Julho”, sobre a independência da Bahia, em 28 de maio de 1822, do segundo, “Vinte e Oito de Julho”, em comemoração à Balaiada, revolução ocorrida no Maranhão em 1838. Lendas e tradições populares foram igualmente contempladas na antologia, nas composições de Gentil Braga, “S. José de Ribamar (Lenda de Antigas Eras)” e “Cajueiro Pequenino”. Precursor da poesia abolicionista, Trajano Galvão presta tributo ao negro nos poemas “O Calhambola”, “A Crioula” e “Nuranjan”.Item Camões : estudo histórico - poético(1863) Castilho, Antonio Feliciano de; Livr. Tavares CardosoItem Camões : estudo historico-poetico liberrimamente fundado sobre um drama francez dos senhores Victor Perrot, e Armand du Mesnil(Sociedade typographica franco-portugueza, 1863) Castilho, Antonio Feliciano de; Perrot, Victor; Du Mesnil, ArmandAntonio Feliciano de Castilho (1800-1875), nasceu em 1800, em Lisboa, filho do médico José Feliciano de Castilho e da tradicionalista, devota e monárquica Domitília Máxima da Silva. Aos seis anos, vítima de sarampo, fica irremediavelmente cego. Em sua educação primária, frequenta a Real Escola Literária do Bairro Alto e o Mosteiro de Jesus, aprofundando seus estudos de latim, retórica e filosofia. É de sua adolescência, sob a vista de António Ribeiro dos Santos e de Agostinho de Macedo, que datam os primeiros escritos poéticos. Licenciou-se em Cânones em Coimbra, casou-se e viveu um tempo na Ilha da Madeira e nos Açores, onde dirigiu um colégio, em que estudou Antero de Quental, principal representante realista da polêmica denominada Questão Coimbrã, na qual Castilho envolveu-se posteriormente em defesa do romantismo. Morre em 1875 em sua terra natal, deixando extensa bibliografia.Item Digressões e novellas(Typographia Universal, 1864) Bulhão, PatoO mais típico mantenedor do lirismo lamartiniano, enlaçado a certa inspiração folclórica, é Raimundo Antônio Bulhão Pato (Bilbau, Espanha, 3 de março de 1828 – Monte de Caparica, 24 de agosto de 1912), poeta, ensaísta, tradutor, jornalista, memorialista português. Mais conhecido por emprestar seu nome à gastronomia (forneceu receitas para a obra O Cozinheiro dos Cozinheiros, editada em 1870, por Paul Plantier) ou por ter inspirado o poeta Alencar d’Os Maias, de Eça de Queirós, Bulhão Pato ficou famoso em sua época com o poema romanceado Paquita (1856-66-94), que apresenta muitos traços da novela camiliana. Nas enciclopédias e histórias da literatura portuguesa, Bulhão Pato é sempre lembrado como poeta e memorialista, embora tenha praticado igualmente a prosa de ficção, como mostra o livro Digressões e Novelas, publicado em Lisboa, pela Tipografia Universal, em 1864. Na Advertência, o autor informa que os dois “romancinhos” – “Matilde” (subtítulo do texto “Sir John”) e o “Vento do Levante” -, sua primeira tentativa em prosa, quanto tinha 19 anos, foram publicados no jornal A Semana, editado por Antônio da Silva Túlio, enquanto que os demais textos – “Teresa”, “O Buçaco”, “A Pálida Estrela”, “A Rua da Saudade”, “Madalena” – saíram em outros jornais diários não identificados. Ambientadas em geografias portuguesas, as narrativas que integram a antologia exploram temas clássicos do Romantismo - amores contrariados, paixões arrebatadoras, mortes de jovens donzelas -, sob a influência de Walter Scott, Byron, Alexandre Dumas pai.Item Obras poéticas de Manoel Ignácio da Silva Alvarenga(B. L. Garnier, 1864) Alvarenga, Manoel Ignacio da SilvaPoeta, advogado, professor de Retórica e Poética, membro da Sociedade Literária do Rio de Janeiro (1786), entusiasta das ideias revolucionárias procedentes da França, Manuel Inácio da Silva Alvarenga (Ouro Preto, MG, 1749 – Rio de Janeiro, RJ, 1º. de novembro de 1814) entrou para a história literária brasileira como autor de destaque do Arcadismo assim também por ter participado da chamada Inconfidência Mineira, motivo por que submetido à Devassa, foi preso em 1794, e posto em liberdade em 1797. Em decorrência desse episódio, grande parte da obra de Silva Alvarenga desapareceu, sendo conhecidos apenas os poemas que o poeta mineiro publicou em vida, como O Desertor das Letras (Coimbra, 1774) e Glaura (Lisboa, 1801) ou os que andavam dispersos no jornal O Patriota (1813-1814) e no Parnaso Brasileiro (1809-1811), editado por Januário da Cunha Barbosa. É quando entra em cena Joaquim Norberto de Sousa Silva, editor das Obras Poéticas de Manoel Ignacio da Silva Alvarenga (Alcino Palmireno), que saíram pela Garnier, em 1864, volume fartamente anotado e precedido da crítica de escritores nacionais e estrangeiros, além de trazer uma notícia biográfica sobre o autor e o interrogatório a que foi submetido na Devassa de 1794. A organização das obras de Silva Alvarenga integra o projeto idealizado por Norberto - “Brasília” -, “Biblioteca Nacional dos Melhores Autores Antigos e Modernos”, sob o patrocínio de D. Pedro II, e no interior do qual já havia saído, em 1862, a Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga. Na edição das obras coligidas de Silva Alvarenga, destaca-se tanto o poeta árcade, cultor da poesia encomiástica, no exemplo do soneto “A Estátua Eqüestre do Rei Dom José I no Dia de sua Inauguração”, e da epístola poética inspirada em Ovídio, a heroíde “Theseo a Ariadna”, quanto o poeta do americanismo, na exploração de temas e imagens nutridos de natureza brasileira, como o idílio “A Gruta Americana”, dedicado a Basílio da Gama.Item Torrentes: últimos versos de Theophilo Braga(Carneiro e Moraes, 1869) Braga, TheophiloJoaquim Teófilo Fernandes Braga (Ponta Delgada, 24 de fevereiro de 1843 – Lisboa, 28 de janeiro de 1924), político, escritor, jornalista e ensaísta português, foi, sem dúvida, muito mais crítico erudito do que um criador literário. Mas, em início de carreira, a começar pelas Folhas Verdes (1859), tímida imitação das Folhas Caídas, de Almeida Garrett, os rumos de sua obra pareciam sinalizar a opção pela poesia, a exemplo do livro Torrentes. Últimos versos, publicado no Porto, pela casa Carneiro e Moraes Editores, em 1869. O subtítulo “últimos versos” indica que, com essa obra, Teófilo Braga vinha fechar o ciclo formado por Visão dos Tempos (1864), livro inspirado diretamente na Legenda dos Séculos, de Victor Hugo, Tempestades Sonoras (1864), sob clara influência de Os Mártires, de Chateaubriand, e A Ondina do Lago (1866), ambientado na Idade Média francesa, durante o período dos ciclos cavalheirescos. Em Torrentes, influenciado pela Ciência Nova, de Giambattista Vico (1668-1744), Braga dá prosseguimento ao projeto de compor uma epopeia cíclica da humanidade, conforme o plano geral da Visão dos Tempos, exposto no quadro sinóptico, que acompanha o prefácio da obra, e no qual o poeta se propos a captar em versos a essencialidade do classicismo, do judaísmo e do cristianismo.Item Estudos da edade média(Ernesto Chardron/Eugenio Chardron, 1870) Braga, TheophiloJoaquim Teófilo Fernandes Braga (Ponta Delgada, 24 de fevereiro de 1843 – Lisboa, 28 de janeiro de 1924), político, escritor, jornalista e ensaísta português, defendeu, como os intelectuais da chamada geração de 70 em Portugal, a excelência da Idade Média, época em que, no entender dos românticos, havia uma unidade espiritual e o florescimento de uma cultura verdadeiramente nacional, que se opunha a duas grandes forças, a Igreja e a Realeza. Na coletânea de artigos, de índole histórico-literária, publicada sob o título Estudos da Idade Média, pela Livraria Internacional de Ernest e Eugênio Chardron, em 1870, Teófilo Braga explicita, na dedicatória, a influência de Michelet, autor de Histoire de France, e no prefácio, sua gratidão para com o “homem de gênio que, depois de Jacob Grimm, tem espalhado mais luz na história da Idade Média”. Na série de monografias que integram a obra, Braga investiga a origem da maior parte das lendas seculares da Europa, dentre as quais, o Ciclo do São Graal, os contos de fadas, as lendas do Judeu Errante e do Doutor Fausto, como também a poesia da navegação portuguesa. Situadas entre os séculos XV e XVI, essas criações representariam o apogeu e o início da decadência da cultura e das produções artísticas nacionais. Na sequência, viria uma época de quase trevas mentais e de domínio das formas estrangeiras, e que apenas o advento do Romantismo tinha vindo estancar, em nome de um regresso às origens como alavanca de progresso da literatura portuguesa.Item Aventuras de Bazilio Fernandes Enxertado(Livraria de Antonio Maria Pereira, 1872) Castello Branco, CamilloCamilo Castelo Branco (Lisboa, 16 de março de 1825 – Vila Nova de Famalicão, 1 de junho de 1890) foi um dos escritores mais prolíficos da literatura portuguesa, tendo incursionado pelo romance, crônica, crítica literária, teatro, história, poesia e tradução. Relativamente à sua vida, sabe-se tão pouco a respeito dela, que muito cedo se criou a aura do “torturado de Ceide”, tornando inevitável ler na sua obra momentos da vida vivida. Personalidade instável, irrequieta e irreverente, Camilo esteve envolvido em amores tumultuosos, o mais famoso conhecido como “episódio Ana Plácido” (1859-1862), mulher casada que fugiu com o escritor, sendo ambos presos e depois absolvidos. Na época, Camilo já era um escritor conhecido pela sua atividade jornalística e literária, tendo colaborado em vários jornais (O Nacional, Jornal do Comércio, Semana, entre outros), sob o seu nome ou com pseudônimos, como também fundado outros tantos (A Cruz, O Bico de Gás, O Ateneu, A Gazeta Literária do Porto). Depois de estrear na poesia, Camilo volta-se para o teatro, mas será no romance onde o escritor produziu grande parte de sua obra. Mais conhecido como autor de romances e novelas sentimentais, Camilo, no entanto, tem uma vasta produção de romances satíricos, nos quais investe contra a corrupção moral, dentre os quais Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado, publicado em 1863, e cuja segunda edição, saiu em 1872, pela Livraria de Antonio Maria Pereira – Editor, de Lisboa. Centrado na alta burguesia portuense, o romance relata as peripécias de Basílio Fernandes Enxertado, filho de um rico comerciante do Porto, a partir de um narrador que se identifica como amigo de Basílio. Muito embora pretenda contar a saga de um herói, título que o narrador atribui à personagem, nem por isso deixa de ridicularizá-lo. Daí decorre a criação de um dos narradores mais irônicos da obra camiliana, pois ao mesmo tempo em que se mostra disposto a defender o suposto amigo, bem como a burguesia a que pertence, expõe o oportunismo em que se fundamentam suas relações. As cenas cônicas e irônicas que compõem o romance de 1863, para além de divertirem o leitor, retratam como a influência da família Enxertado culmina em benefícios jurídicos bastante particulares que ignoram a legislação vigente no período. A prática do favor, acionada pelo dinheiro, instigou José Fernandes Enxertado, pai do protagonista, a tomar duas providências que determinaram a direção da narrativa: impedir um casamento indesejado e adquirir um título de nobreza.Item Os críticos da historia da litteratura portugueza(Imprensa Portugueza, 1872) Braga, TheophiloJoaquim Teófilo Fernandes Braga (Ponta Delgada, 24 de fevereiro de 1843 – Lisboa, 28 de janeiro de 1924), político, escritor, jornalista e ensaísta português, participou ativamente da chamada “Questão Coimbrã”, aonde se defrontaram os defensores do status quo literário e os jovens estudantes da universidade de Coimbra, alinhados às ideias de Darwin, Michelet, Renan, Comte. Em Lisboa, Teófilo integrou as Conferências Democráticas do Cenáculo, na companhia de Antero de Quental, Oliveira Martins, Pinheiro Chagas, entre outros escritores portugueses. Até por volta de 1872, a atividade intelectual de Braga vai se pautar pela do grupo do Cenáculo, quando então ocorre uma cisão entre os integrantes. Essa cisão está na origem da obra Os Críticos da História Portuguesa. Exame das afirmações dos Srs. Oliveira Martins, Antero de Quental e Pinheiro Chagas, publicada no Porto, pela editora Imprensa Portuguesa, em 1872. O livro é uma réplica às críticas de Antero de Quental, Oliveira Martins e Pinheiro Chagas acerca do livro de Teófilo Braga, Teoria da História da Literatura Portuguesa, de 1872, no qual o historiador, inspirado na teoria romântica do gênio nacional e popular (Giambattista Vico e Jules Michelet), defendia a hipótese que explicava a evolução da literatura portuguesa como resultado da luta entre uma raça moçárabe, nacional e oprimida, e uma aristocracia goda opressora.Item O terremoto de Lisboa(Editora de Mattos Moreira & Cia, 1874) Chagas, Manuel PinheiroManuel Pinheiro Chagas (Lisboa, 13 de novembro de 1842 – Lisboa, 8 de abril de 1895), historiador, jornalista, dramaturgo, tradutor, político português, destacou-se como escritor de inúmeros romances históricos. Iniciou a carreira literária na poesia, publicando em 1865 a coletânea Poema da Mocidade, cujo prefácio, assinado por Antônio Feliciano de Castilho, desencadeou a chamada Questão Coimbrã. Escritor de grande popularidade na época, pouco de depois de sua morte, Pinheiro Chagas caiu em quase total esquecimento, para o qual contribuíram as polêmicas que manteve com Eça de Queirós. Ao eleger o romance histórico como narrativa romântica, a intenção de Chagas era disputar espaço com o romance realista/naturalista, já consolidado em Portugal. Para a sensibilidade romântica, o romance histórico vai tanto ser instrumento de formação histórica, como ajudar na consolidação na literatura nacional. Não por acaso O Terremoto de Lisboa, publicado em Lisboa, pela Livraria Editora de Matos Moreira & Cª. , em 1874, integra o selo dos “Romances Nacionais”, criado pela editora lisboeta. Depois do Liberalismo, os romancistas abandonaram os temas medievais e passaram a dar preferência a assuntos mais atuais, que tivessem ocorrido num tempo mais próximo do leitor. Dentre as preferências históricas dos românticos da primeira geração, a administração pombalina era um dos acontecimentos-chave que explicaria a decadência do país, na segunda metade do século XIX. Ao retomar esse período do passado português, Pinheiro Chagas explora na trama, a personalidade enérgica e astuta de Pombal, que exerce muita ascendência sobre o espírito passível e influenciável de D. José I. Ao longo dos vinte e três capítulos do romance, Chagas focaliza o reinado deste monarca, como um dos períodos de maior crescimento nacional, embora marcado pelo terremoto de 1755, que quase chegou a destruir completamente a cidade de Lisboa, fato que veio por à prova o espírito pragmático do marquês de Pombal, que ordenou a imediata reconstrução da capital do país.Item José Bálsamo(Chardron, 1874) Castello Branco, CamilloCamilo Castello Branco (1825-1890), lisboeta nascido em 1825, ficou órfão ainda menino, aos dez anos, sendo criado pela irmã. Tenta, em vão, cursar medicina, mas logo entrega-se à literatura e a uma vida de aventuras amorosas, demonstrando uma grande volubilidade sentimental até conhecer Ana Plácido, grande paixão de sua vida. Casada, ela abandona o marido para unir-se a Camilo, rendendo-lhes um processo por adultério. O escritor ganha, então, notoriedade, intensificada pela publicação de Amor de Perdição (1862). Diante da necessidade de sustentar sua família, trabalha incansavelmente, somando mais de uma centena de livros, configurando extensa e variada obra dos mais diferentes gêneros: poesia, teatro, crítica literária, folhetim, epistolografia, novela, conto e história, ainda que algumas dessas obras promovam uma difícil separação das fronteiras entre os fatos e personagens históricos e o trabalho ficcional do escritor. Exemplos dessa variada obra são Esboços de apreciações literárias (1865), livro de crítica, e D. Luís de Portugal, de historiografia, por exemplo. É preciso reconhecer, além de um dos maiores expoentes do romance e da novela românticos em Portugal, também é autor de obras como Coração, Cabeça e Estomago (1862), publicada originalmente em 1862, em que já se pode entrever, pelo tom irônico, sobretudo no que diz respeito à relação amorosa, pela representação crítica dos costumes, pela própria constituição interna da narrativa, fortes traços da estética realista, que viria a se firmar na segunda metade do século XIX, ainda que historiadores da literatura como Fidelino Figueiredo, em seu História Literária de Portugal (1966), bem como outros críticos importantes da obra de Camilo, prefiram entender tais romances como “sátiras ao realismo”. Desgostos familiares e os sofrimentos causados pela sífilis levam-no a suicidar-se em 1890, quando já possuía grande reconhecimento como escritor. Há muitas obras digitalizadas de Camilo Castelo Branco disponíveis na University of Toronto Libraries, hospedada em Archieve.org. Na coleção de obras digitais da Biblioteca Nacional de Portugal também é possível localizar outras obras do autor.Item Traite d'anatomie descritive(Delahaye, 1876) Sappey, Philibert ConstantItem Vozes do ermo(Mattos Moreira & Cia, 1876) Carvalho, Maria Amália Vaz deMaria Amália Vaz de Carvalho (Lisboa, 2 de fevereiro de 1847 – Lisboa, 24 de março de 1921), pseudônimo de Valentina Lucena, articulista de sucesso, tanto em Portugal quanto no Brasil, autora de vasta obra de caráter polígrafo que vai da poesia ao conto, da crônica ao estudo monográfico, primeira mulher a dar entrada na Academia das Ciências de Lisboa, redatora de periódicos femininos portugueses, como Voz Feminina, foi casada com o poeta parnasiano Gonçalves Crespo. Maria Amália estréia na poesia com o livro Vozes do Ermo, publicado em Lisboa, em 1876, pela editora de Matos Moreira & Cia. O volume tem prefácio de José Maria Latino Coelho (1825-1891), que discute a questão da sobrevivência da poesia, apontando o papel que cabe à mulher na garantia dessa sobrevivência. Dividido em duas partes, o livro traz composições marcadas por motivos caros ao ideário romântico, em particular a temática amorosa, que predomina na maior parte das composições (“O Sonho e a Realidade”), a religiosidade (“Confidências”, “Pecadora”), a presença da natureza (“Primavera”, “A Andorinha”, “O Campo”), a melancolia do sujeito poético diante da natureza (“Nostalgia do Impossível”). Vários poemas da antologia são dedicados a figuras femininas, tanto as da esfera familiar - a irmã, Maria do Carmo Vaz de Carvalho, a mãe (“Confidências”), a prima Aline de Gusmão (“Quadro Simples”) - quanto as do círculo de amigas - Eugênia Nunes Viseu (“Mocidade”), viscondessa de Castilho (“A Andorinha”), Ana Maria Ribeiro de Sá (“Júbilos), Heloise de Almeida e Albuquerque (“O Campo”), Margarida Street Lopes de Mendonça (“Primavera”). Last, but not least, o marido de Maria Amália, Gonçalves Crespo, não é deixado de fora desse panteão de homenageados (“O Romantismo”).Item Antologia portugueza(Magalhães e Moniz, 1876) Braga, TheophiloProfessor de Literaturas Modernas do Curso Superior de Letras de Lisboa, desde 1872, Joaquim Teófilo Fernandes Braga (Ponta Delgada, 24 de fevereiro de 1843 - Lisboa, 28 de janeiro de 1924) vai aproveitar a sua experiência de ensino, na publicação de uma série de obras voltadas ao estudo da literatura, dentre elas, a Antologia Portuguesa, publicada no Porto, pela Livraria Universal, em 1876, concebida como complemento ao Manual de História da Literatura Portuguesa, de 1875. Na “Poética histórica portuguesa”, que precede a antologia propriamente dita, para além de considerações sobre metrificação e taxonomia poética, Teófilo sustenta uma vez mais que “na poesia portuguesa, não havendo um forte elemento tradicional para ser elaborado segundo as necessidades do sentimento nacional, prevaleceu a imitação desde a idade média até hoje”. Em seguida, acompanha o fluxo temporal das sucessivas correntes poéticas, subdividindo-as, em função dos gêneros, em seis épocas literárias, representadas pelos respectivos expoentes, quais sejam: 1ª. época, escola provençal (séculos XIII e XIV), 2ª. época, escola espanhola (século XV), 3ª. época, escola quinhentista (hispano-itálica, italiana, medida velha), 4ª. época, escola seiscentista (século XVII), 5ª. época, escola arcádica (século XVIII) e 6ª. época, escola romântica (século XIX), ilustrada apenas por Almeida Garrett e Soares Passos. Demais autores românticos, portugueses, brasileiros e galegos, irão figurar no Parnaso Português Moderno, publicado em 1877.