Literatura Lusófona - LL
URI Permanente para esta coleção
Introdução
O acervo digital de obras raras pertencentes à área de Literatura Lusófona, que integra o Programa “Preservação da Memória Social” da UNESP, é procedente do Acervo Lívio Xavier, sob a responsabilidade do Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem). Composto de títulos significativos publicados entre o final do século XIX e início do século XX, o acervo é constituído de obras que se distribuem nos seguintes gêneros: seleta escolar (1), coletânea de crônicas (3) e de contos populares (1), romance (3), crítica e teoria literária (2), edição comentada (1), relato de guerra (1). A seleta escolar contempla clássicos portugueses (séculos XVI e XVII) e autores nacionais (século XVIII), as crônicas abordam vultos e fatos da atualidade, a antologia de contos populares representa o folclore luso, negro e indígena, os romances situam-se, os portugueses, no Romantismo, o brasileiro, entre o Naturalismo e o Simbolismo, a edição comentada é consagrada a um clássico do século XVI português (Os Lusíadas, de Camões) e o relato histórico refere-se à Revolta da Armada (1893-1894). Do inventário de obras escritas em língua portuguesa, destaca-se a literatura brasileira, representada por nomes como João Ribeiro, Sílvio Romero, Cosme Velho, pseudônimo de Araripe Júnior, Alberto Torres, Afonso Celso, visconde de Ouro Preto, Antônio Carlos Cirilo Machado, visconde de Santo Tirso, e um autor anônimo (oficial da Marinha envolvido na Revolta da Armada). Representam a literatura portuguesa apenas dois autores: Epifânio da Silva Lisboa e Camilo Castelo Branco, o primeiro, filólogo, o segundo, romancista. Quanto às editoras, as portuguesas têm liderança, e se fazem representar por três casas de Lisboa - Heitor & Lallemant (com sucursal em Paris), Livraria Clássica, Nova Livraria Internacional – e duas do Porto, - Cruz Coutinho, Companhia Portuguesa Editora, do Porto. Das editoras brasileiras, quatro situam-se no Rio de Janeiro – Campos & Cia, Livraria Moderna, Tipografia Morais, A. J. Castilho, Francisco Alves – e uma em São Paulo – Editora de Monteiro Lobato. A Aillaud & Bertrand, de Paris, é a única editora a representar o segmento francês. No que se refere à materialidade das obras, aspecto a chamar a atenção é a ausência de marcas (grifos, adendos), a revelar não apenas a procedência particular do acervo, como também os hábitos de leitura, protagonizados tão somente pelos olhos. Algumas assinaturas inscritas nas capas (caso de Miss Kate, de Cosme Velho, e Seleta clássica, de João Ribeiro), acompanhadas das datas da provável aquisição, permaneceram como rastro discreto de leitura e circulação das obras.
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Submissões Recentes
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ItemTraite d'anatomie descritive(Delahaye, 1876)
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ItemAs modernas ideias na litteratura portugueza(E. Chardron, 1892)
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ItemOs guerrilheiros da morte: romance histórico(Empreza da Historia de Portugal, 1899)Manuel Pinheiro Chagas (Lisboa, 13 de novembro de 1842 – Lisboa, 8 de abril de 1895), historiador, jornalista, dramaturgo, tradutor, político português, destacou-se como escritor de inúmeros romances históricos. Iniciou a carreira literária na poesia, publicando em 1865 a coletânea Poema da Mocidade, cujo prefácio, assinado por Antônio Feliciano de Castilho, desencadeou a chamada Questão Coimbrã. Escritor de grande popularidade na época, pouco de depois de sua morte, Pinheiro Chagas caiu em quase total esquecimento, para o qual contribuíram as polêmicas que manteve com Eça de Queirós. Ao eleger o romance histórico como narrativa romântica, a intenção de Chagas era disputar espaço com o romance realista, já consolidado em Portugal. Para a sensibilidade romântica, o romance histórico vai tanto ser instrumento de formação histórica, como ajudar na consolidação na literatura nacional. A dinastia de Bragança é o período da História portuguesa que Chagas mais explora para compor seus romances históricos, como acontece em Os Guerrilheiros da Morte, publicado 1872, e reeditado em 1899, em Lisboa, pela Sociedade Editora Empresa da História de Portugal, da qual faz parte a Livraria e Tipografia Moderna. Nesse romance, Pinheiro Chagas interpreta o reinado de D. João VI como expressão do despotismo monárquico e do abandono do povo à própria sorte, quando da invasão de Napoleão em Portugal, em 1808. O livro reconstitui a fuga da família real, às pressas, em meio ao tumulto da multidão. Nos momentos que antecedem o fatídico episódio, D. João VI é retrato como um monarca assustado e covarde, que se deixa influenciar pelos conselhos suspeitos do governo inglês. O fato de Chagas ter optado pela dramatização desse período da História nacional nos seus romances históricos segue uma tendência literária da época, impulsionada pelo sentimento de comoção nacional provocado pelo Ultimato inglês, em 1890.