Literatura Lusófona - LL

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Introdução

O acervo digital de obras raras pertencentes à área de Literatura Lusófona, que integra o Programa “Preservação da Memória Social” da UNESP, é procedente do Acervo Lívio Xavier, sob a responsabilidade do Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem). Composto de títulos significativos publicados entre o final do século XIX e início do século XX, o acervo é constituído de obras que se distribuem nos seguintes gêneros: seleta escolar (1), coletânea de crônicas (3) e de contos populares (1), romance (3), crítica e teoria literária (2), edição comentada (1), relato de guerra (1). A seleta escolar contempla clássicos portugueses (séculos XVI e XVII) e autores nacionais (século XVIII), as crônicas abordam vultos e fatos da atualidade, a antologia de contos populares representa o folclore luso, negro e indígena, os romances situam-se, os portugueses, no Romantismo, o brasileiro, entre o Naturalismo e o Simbolismo, a edição comentada é consagrada a um clássico do século XVI português (Os Lusíadas, de Camões) e o relato histórico refere-se à Revolta da Armada (1893-1894). Do inventário de obras escritas em língua portuguesa, destaca-se a literatura brasileira, representada por nomes como João Ribeiro, Sílvio Romero, Cosme Velho, pseudônimo de Araripe Júnior, Alberto Torres, Afonso Celso, visconde de Ouro Preto, Antônio Carlos Cirilo Machado, visconde de Santo Tirso, e um autor anônimo (oficial da Marinha envolvido na Revolta da Armada). Representam a literatura portuguesa apenas dois autores: Epifânio da Silva Lisboa e Camilo Castelo Branco, o primeiro, filólogo, o segundo, romancista. Quanto às editoras, as portuguesas têm liderança, e se fazem representar por três casas de Lisboa - Heitor & Lallemant (com sucursal em Paris), Livraria Clássica, Nova Livraria Internacional – e duas do Porto, - Cruz Coutinho, Companhia Portuguesa Editora, do Porto. Das editoras brasileiras, quatro situam-se no Rio de Janeiro – Campos & Cia, Livraria Moderna, Tipografia Morais, A. J. Castilho, Francisco Alves – e uma em São Paulo – Editora de Monteiro Lobato. A Aillaud & Bertrand, de Paris, é a única editora a representar o segmento francês. No que se refere à materialidade das obras, aspecto a chamar a atenção é a ausência de marcas (grifos, adendos), a revelar não apenas a procedência particular do acervo, como também os hábitos de leitura, protagonizados tão somente pelos olhos. Algumas assinaturas inscritas nas capas (caso de Miss Kate, de Cosme Velho, e Seleta clássica, de João Ribeiro), acompanhadas das datas da provável aquisição, permaneceram como rastro discreto de leitura e circulação das obras.

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    Traite d'anatomie descritive
    (Delahaye, 1876) Sappey, Philibert Constant
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    As modernas ideias na litteratura portugueza
    (E. Chardron, 1892) Braga, Teófilo
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    Camões : estudo histórico - poético
    (1863) Castilho, Antonio Feliciano de; Livr. Tavares Cardoso
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    Luz gloriosa
    (Casa Crès et Cie., 1913) Carvalho, Ronald de
    Ronald de Carvalho (Rio de Janeiro, RJ, 16 de maio de 1893 – Rio de Janeiro, RJ, 15 de fevereiro de 1935), advogado, diplomata, chefe da Casa Civil durante o governo de Getúlio Vargas, em 1934, poeta e estudioso da literatura brasileira, incorporou-se ao primeiro grupo dos modernistas de 1922. Anos antes, participou no grupo da revista Orfeu, que em 1915, escandalizou a sociedade lisboeta e tornou-se marco inicial do Modernismo português. Homem que viveu em dois mundos simultaneamente – a belle époque e o Modernismo -, Ronald buscou, dessa forma, romper com a tradição simbolista, do interior da qual fez sua formação literária. Ainda assim, não conseguiu se despir plenamente de sua herança tradicional, como mostra o livro de estréia, Luz Gloriosa, publicado em 1913, em Paris, pela Casa Crès et Cie, e no qual o poeta-diplomata revela influência de Verlaine e Baudelaire. Luz Gloriosa fez sucesso na época, tendo recebido acolhida entusiástica de Graça Aranha, então figura importante no meio artístico do Rio de Janeiro. O título Luz Gloriosa indicia a presença da estética simbolista que, no formato do soneto e do alexandrino, consiste, sobretudo, na exaltação sensualista de aspectos vibrantes, luminosos, coloridos, sonoros da vida e da natureza. Viajante, Ronald inspirou-se igualmente na paisagem européia. Há também o lado sentimental, da aspiração à mulher amada e à perda, donde certa desesperança, para a qual contribui o deflagrar da Primeira Guerra Mundial. Para além desses elementos, observa-se na obra como forte marca simbolista, a preocupação com o cromatismo (cor, luz e brilho), a sinestesia e a musicalidade. As marcas do convívio de Ronald de Carvalho com os poetas portugueses da geração do Orfeu – Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa, entre outros – podem se identificadas no soneto “Êxul”, que integra os “Sonetos do Sangue”. Um leitor anônimo, lápis na mão, “sobrecarregou o texto com o seu próprio traço”, no dizer de Antoine Compagnon: riscou e contornou palavras, acrescentou informações, como esta que escreveu no rodapé do poema: “V. Páginas de doutrina estética: ‘Assim ao gênio caberá, além da dor da morte, da beleza alheia, e da mágoa de conhecer a universal ignorância, o sofrimento próprio, de se sentir par dos Deuses sendo homem, par dos homens sendo deus, êxul ao mesmo tempo em duas terras’”.
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    Os guerrilheiros da morte: romance histórico
    (Empreza da Historia de Portugal, 1899) Chagas, Manuel Pinheiro
    Manuel Pinheiro Chagas (Lisboa, 13 de novembro de 1842 – Lisboa, 8 de abril de 1895), historiador, jornalista, dramaturgo, tradutor, político português, destacou-se como escritor de inúmeros romances históricos. Iniciou a carreira literária na poesia, publicando em 1865 a coletânea Poema da Mocidade, cujo prefácio, assinado por Antônio Feliciano de Castilho, desencadeou a chamada Questão Coimbrã. Escritor de grande popularidade na época, pouco de depois de sua morte, Pinheiro Chagas caiu em quase total esquecimento, para o qual contribuíram as polêmicas que manteve com Eça de Queirós. Ao eleger o romance histórico como narrativa romântica, a intenção de Chagas era disputar espaço com o romance realista, já consolidado em Portugal. Para a sensibilidade romântica, o romance histórico vai tanto ser instrumento de formação histórica, como ajudar na consolidação na literatura nacional. A dinastia de Bragança é o período da História portuguesa que Chagas mais explora para compor seus romances históricos, como acontece em Os Guerrilheiros da Morte, publicado 1872, e reeditado em 1899, em Lisboa, pela Sociedade Editora Empresa da História de Portugal, da qual faz parte a Livraria e Tipografia Moderna. Nesse romance, Pinheiro Chagas interpreta o reinado de D. João VI como expressão do despotismo monárquico e do abandono do povo à própria sorte, quando da invasão de Napoleão em Portugal, em 1808. O livro reconstitui a fuga da família real, às pressas, em meio ao tumulto da multidão. Nos momentos que antecedem o fatídico episódio, D. João VI é retrato como um monarca assustado e covarde, que se deixa influenciar pelos conselhos suspeitos do governo inglês. O fato de Chagas ter optado pela dramatização desse período da História nacional nos seus romances históricos segue uma tendência literária da época, impulsionada pelo sentimento de comoção nacional provocado pelo Ultimato inglês, em 1890.
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    O terremoto de Lisboa
    (Editora de Mattos Moreira & Cia, 1874) Chagas, Manuel Pinheiro
    Manuel Pinheiro Chagas (Lisboa, 13 de novembro de 1842 – Lisboa, 8 de abril de 1895), historiador, jornalista, dramaturgo, tradutor, político português, destacou-se como escritor de inúmeros romances históricos. Iniciou a carreira literária na poesia, publicando em 1865 a coletânea Poema da Mocidade, cujo prefácio, assinado por Antônio Feliciano de Castilho, desencadeou a chamada Questão Coimbrã. Escritor de grande popularidade na época, pouco de depois de sua morte, Pinheiro Chagas caiu em quase total esquecimento, para o qual contribuíram as polêmicas que manteve com Eça de Queirós. Ao eleger o romance histórico como narrativa romântica, a intenção de Chagas era disputar espaço com o romance realista/naturalista, já consolidado em Portugal. Para a sensibilidade romântica, o romance histórico vai tanto ser instrumento de formação histórica, como ajudar na consolidação na literatura nacional. Não por acaso O Terremoto de Lisboa, publicado em Lisboa, pela Livraria Editora de Matos Moreira & Cª. , em 1874, integra o selo dos “Romances Nacionais”, criado pela editora lisboeta. Depois do Liberalismo, os romancistas abandonaram os temas medievais e passaram a dar preferência a assuntos mais atuais, que tivessem ocorrido num tempo mais próximo do leitor. Dentre as preferências históricas dos românticos da primeira geração, a administração pombalina era um dos acontecimentos-chave que explicaria a decadência do país, na segunda metade do século XIX. Ao retomar esse período do passado português, Pinheiro Chagas explora na trama, a personalidade enérgica e astuta de Pombal, que exerce muita ascendência sobre o espírito passível e influenciável de D. José I. Ao longo dos vinte e três capítulos do romance, Chagas focaliza o reinado deste monarca, como um dos períodos de maior crescimento nacional, embora marcado pelo terremoto de 1755, que quase chegou a destruir completamente a cidade de Lisboa, fato que veio por à prova o espírito pragmático do marquês de Pombal, que ordenou a imediata reconstrução da capital do país.
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    O vil metal
    (Livraria Cruz Coutinho, 1910) Cepellos, Baptista
    Manuel Batista Cepelos (Cotia, SP, 10 de dezembro de 1872 – Rio de Janeiro, RJ, 8 de maio de 1915), policial, advogado, promotor público, dramaturgo, romancista, poeta parnasiano de prestígio em sua época. Em conseqüência do assassinato de sua noiva pelo pai, o senador Peixoto Gomide, que se suicidou logo em seguida, revelando antes que os noivos eram irmãos, Cepelos muda-se para o Rio de Janeiro, aonde veio a falecer não se sabe se por suicídio ou assassinato. Por três vezes tentou, sem êxito, ingressar na Academia Brasileira de Letras. Além da poesia, Batista Cepelos enveredou também pelo romance realista, publicando, em 1910, O Vil Metal, pela Livraria Cruz Coutinho, do Rio de Janeiro. Consta do volume uma fotografia do autor: um jovem mulato, de perfil, pince-nez sobre o nariz, aparentemente bem sucedido, a contar pelo traje elegante, imagem que o distanciava da origem pobre e humilde no interior paulista. Além do retrato, a editora apresenta relação das obras de Batista Cepelos publicadas e esgotadas, identificadas por gênero – A Derrubada, poesia, 1895, O Cisne Encantado, poesia, 1902, Os Corvos, crônica, 1907, Os Bandeirantes, poesia, 1908 (prefácio de Olavo Bilac), Vaidades, poesia, 1908 (prefácio de Araripe Júnior) - a comprovar a carreira e o prestígio literários do autor, muito embora a maior parte desses títulos não tenha sido reeditada. Com epígrafe de Eça de Queirós - “Sobre a nudez forte da Verdade – o manto diáfano da Fantasia” -, o romance O Vil Metal revela forte influência do escritor português na tentativa de estudar o meio argentário de São Paulo e a ação corruptora do dinheiro, a partir das premissas de um naturalismo já ultrapassado. As melhores páginas do livro são os perfis, um tanto caricatos, do literato falhado e do falso jornalista, imagem da imprensa que Cepelos conhecia a fundo, já que por anos atuara na redação de jornais de São Paulo, transitando da reportagem à crônica social.
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    Maria da Fonte
    (Chardron, 2014-03-26) Castello Branco, Camillo
    Camilo Castelo Branco (Lisboa, 16 de março de 1825 – Vila Nova de Famalicão, 1 de junho de 1890) foi um dos escritores mais prolíficos da literatura portuguesa, tendo incursionado pelo romance, crônica, crítica literária, teatro, poesia e tradução. Relativamente à sua vida, sabe-se tão pouco a respeito dela, que muito cedo se criou a aura do “torturado de Ceide”, tornando inevitável ler na sua obra momentos da vida vivida. Mais conhecido como autor de romances e novelas sentimentais, Camilo incursionou também pela história, como no livro Maria da Fonte, publicado em 1ª. edição, em 1884 (a 2ª. saiu em 1901), e em 3ª , em 1908, com ilustrações, na “Coleção Lusitânia”, da editora Chardron, do Porto. No “Discurso Proemial”, datado de “São Miguel de Ceide, 21 de novembro de 1884”, o escritor conta que, ao folhear as páginas do livro do padre Casimiro José Vieira (1817-1895) - Apontamentos para a História da Revolução do Minho em 1846 (1883) -, reportou-se aos anos em que, na companhia do sacerdote minhoto, tomou parte na revolta popular chamada de Maria da Fonte, ocorrida na primavera de 1846. Foram essas lembranças, motivadas pela leitura da obra do padre Casimiro (cujo original Camilo teve acesso, por intermédio do padre Sena Freitas) que o levaram a escrever a sua versão da célebre revolta do Minho, na convicção de que “o dele (do padre Casimiro) e o meu são dois livros que se completam”. Dividida em quatro partes – “Marias da Fonte”, “Casimiro, o presbítero”, “O Miguelismo”, “Epistolário, pedreiros-livres, etc” -, às quais foi acrescentado um “Post-Scriptum”, a obra percorre a trajetória da guerra civil de 1846: a participação das mulheres iniciadoras na revolução, as atividades do padre Casimiro à frente do grupo de camponesas minhotas, o contexto da revolta, com o embate entre miguelistas e liberais, a fuga do padre Casimiro para Felgueiras, no norte do Porto, onde passou a escrever cartas enviadas, entre outros, para a rainha D. Maria II, e a elaborar a obra Protesto Contra a Sacrílega Invasão de Roma e a Apreciação da Liberdade Liberal (1871), na qual critica os maçons. Ciente de que a preocupação com o rigor histórico não o impediu de tomar partido na reconstituição da revolta de 1846, no “Post-Scriptum”, Camilo se penitencia dos lampejos de “jovialidades, ironias, risos histéricos”, que impregnam o seu trabalho. Como desculpa, alega que para ele era “penosíssima tarefa escrever este livro nostálgico sem o desafogo de umas eternas ligeirices e verduras que me suavizassem o assunto pesado de saudades”.
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    Volcoens de lama
    (Chardron, 1898) Castello Branco, Camillo
    Camilo Castelo Branco (Lisboa, 16 de março de 1825 – Vila Nova de Famalicão, 1 de junho de 1890) foi um dos escritores mais prolíficos da literatura portuguesa, tendo incursionado pelo romance, crônica, crítica literária, teatro, história, poesia e tradução. Relativamente à sua vida, sabe-se tão pouco a respeito dela, que muito cedo se criou a aura do “torturado de Ceide”, tornando inevitável ler na sua obra momentos da vida vivida. A personalidade literária de Camilo domina a segunda geração romântica em Portugal, podendo ser considerado seu representante típico, quer pela extensão de sua obra, quer pelo vasto público que conquistou. A partir da década de 1870-1880, o êxito de Eça de Queirós e a evolução do realismo para o naturalismo com Zola obrigaram o consagrado escritor romântico a um reajustamento aos padrões da nova escola literária, tal como acontece no último romance de Camilo editado em 1886, Vulcões de Lama, cuja segunda edição saiu em 1898, pela editora Chardron, do Porto. Esperava-se que a obra viesse a ter o mesmo sucesso que A Brasileira de Prazins, de 1882, mas as expectativas se frustraram. O título do romance – Vulcões de Lama - é justificado na introdução, onde o autor observa que a comparação entre as “paixões férvidas de alguns homens aos vulcões” não corresponde nesse caso ao símile dos vulcões Etna, Hecla e Vesúvio, e sim aos de Java, “vulcões de lama que expluem o seu o seu lodo sobre as coisas e as pessoas, primeiro emporcalhando-as, depois asfixiando-as na sua esterqueira espaçada”. À sugestão e justificativa do título corresponde um enredo sombrio, povoado de figuras vis, de mesquinhas traições e vinganças que circundam a história de dois amores: Hilário/Balbina e Artur/Doroteia. A intriga do romance provém de uma história verídica contada a Camilo pelo historiador Pinho Leal, à qual o escritor introduziu algumas alterações. Em Vulcões de Lama, ao contrário do que acontece em Eusébio Macário, nem todas as personagens são repugnantes, embora haja o uso premeditado de alguns ingredientes naturalistas. Por sua vez, a salvação moral do estouvado Artur contraria as regras da estética naturalista, para a qual não era possível haver final feliz, ainda mais quando envolvia o filho de um Padre e de uma adúltera, produto de uma educação defeituosa.
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    Cancioneiro alegre de poetas portuguezes e brazileiros
    (Livraria Internacional de Ernesto Chardron, 1887) Castello Branco, Camillo
    Camilo Castelo Branco (Lisboa, 16 de março de 1825 – Vila Nova de Famalicão, 1 de junho de 1890) foi um dos escritores mais prolíficos da literatura portuguesa, tendo incursionado pelo romance, crônica, crítica literária, teatro, história, poesia e tradução. Relativamente à sua vida, sabe-se tão pouco a respeito dela, que muito cedo se criou a aura do “torturado de Ceide”, tornando inevitável ler na sua obra momentos da vida vivida. Mais conhecido como autor de romances e novelas sentimentais, Camilo foi também organizador da antologia Cancioneiro Alegre de Poetas Portugueses e Brasileiros, cuja 2ª. edição foi publicada em 2 vols., pela editora de Ernesto Chardron, do Porto, em 1887 (a 1ª. é de 1879). Com prefácio datado de São Miguel de Seide, 1º. de janeiro de 1879, o romântico português declara ter-se inspirado em The Book of Humour Poetry, “impresso recente e primorosamente em Edimburgo”. Partindo do princípio de que “a poesia sentimental acabou”, Camilo seguiu o exemplo da seleta escocesa, escolhendo versos onde “não há flores para altares nem de jazigo”. Por trás do elogio do riso, Camilo investe contra “Ideia Nova”, isto é, o realismo/naturalismo, então em pleno apogeu em Portugal, responsável pela morte da poesia sentimental. A antologia organizada por Camilo provocou aplausos e protestos, conforme ilustram os comentários que fazem parte do 2º. Volume - “Os Críticos do Cancioneiro Alegre” -, com prefácio do autor de 1º. de setembro de 1879. Sem obedecer a qualquer rigor histórico ou cronológico, a antologia compila poemas de 59 autores (32, no 1º. vol., 27, no 2º.), entre brasileiros e portugueses, especialmente modernos, precedendo-os de comentários, entre mordazes e irônicos. Dentre os brasileiros figuram Franco de Sá, Fagundes Varela, Correia de Almeida (Padre José Joaquim), Caetano Filgueiras, Gonçalves Dias, Joaquim de Sousa Andrade, Casimiro de Abreu, Meneses Paredes, Francisco Moniz Barreto. Do rol de poetas portugueses fazem parte, entre outros, Gil Vicente, Camões, Bocage, Almeida Garrett, Castilho, Antero de Quental, João de Deus, Simões Dias, Faustino Xavier de Novais, Gomes de Amorim.
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    Aventuras de Bazilio Fernandes Enxertado
    (Livraria de Antonio Maria Pereira, 1872) Castello Branco, Camillo
    Camilo Castelo Branco (Lisboa, 16 de março de 1825 – Vila Nova de Famalicão, 1 de junho de 1890) foi um dos escritores mais prolíficos da literatura portuguesa, tendo incursionado pelo romance, crônica, crítica literária, teatro, história, poesia e tradução. Relativamente à sua vida, sabe-se tão pouco a respeito dela, que muito cedo se criou a aura do “torturado de Ceide”, tornando inevitável ler na sua obra momentos da vida vivida. Personalidade instável, irrequieta e irreverente, Camilo esteve envolvido em amores tumultuosos, o mais famoso conhecido como “episódio Ana Plácido” (1859-1862), mulher casada que fugiu com o escritor, sendo ambos presos e depois absolvidos. Na época, Camilo já era um escritor conhecido pela sua atividade jornalística e literária, tendo colaborado em vários jornais (O Nacional, Jornal do Comércio, Semana, entre outros), sob o seu nome ou com pseudônimos, como também fundado outros tantos (A Cruz, O Bico de Gás, O Ateneu, A Gazeta Literária do Porto). Depois de estrear na poesia, Camilo volta-se para o teatro, mas será no romance onde o escritor produziu grande parte de sua obra. Mais conhecido como autor de romances e novelas sentimentais, Camilo, no entanto, tem uma vasta produção de romances satíricos, nos quais investe contra a corrupção moral, dentre os quais Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado, publicado em 1863, e cuja segunda edição, saiu em 1872, pela Livraria de Antonio Maria Pereira – Editor, de Lisboa. Centrado na alta burguesia portuense, o romance relata as peripécias de Basílio Fernandes Enxertado, filho de um rico comerciante do Porto, a partir de um narrador que se identifica como amigo de Basílio. Muito embora pretenda contar a saga de um herói, título que o narrador atribui à personagem, nem por isso deixa de ridicularizá-lo. Daí decorre a criação de um dos narradores mais irônicos da obra camiliana, pois ao mesmo tempo em que se mostra disposto a defender o suposto amigo, bem como a burguesia a que pertence, expõe o oportunismo em que se fundamentam suas relações. As cenas cônicas e irônicas que compõem o romance de 1863, para além de divertirem o leitor, retratam como a influência da família Enxertado culmina em benefícios jurídicos bastante particulares que ignoram a legislação vigente no período. A prática do favor, acionada pelo dinheiro, instigou José Fernandes Enxertado, pai do protagonista, a tomar duas providências que determinaram a direção da narrativa: impedir um casamento indesejado e adquirir um título de nobreza.
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    Eusebio Macario
    (Chardron, 2014-03-26) Castello Branco, Camillo
    Camilo Castelo Branco (Lisboa, 16 de março de 1825 – Vila Nova de Famalicão, 1 de junho de 1890) foi um dos escritores mais prolíficos da literatura portuguesa, tendo incursionado pelo romance, crônica, crítica literária, teatro, história, poesia e tradução. Relativamente à sua vida, sabe-se tão pouco a respeito dela, que muito cedo se criou a aura do “torturado de Ceide”, tornando inevitável ler na sua obra momentos da vida vivida. A personalidade literária de Camilo domina a segunda geração romântica em Portugal, podendo ser considerado seu representante típico, quer pela extensão de sua obra, quer pelo vasto público que conquistou. A partir da década de 1870-1880, o êxito de Eça de Queirós e a evolução do realismo para o naturalismo com Zola obrigaram o consagrado escritor romântico a um reajustamento aos padrões da nova escola literária, sob o disfarce de pretensa paródia à série Rougon-Macquart do romancista francês e ao estilo afrancesado de Eça. É o que faz, incluindo em Sentimentalismo e História, a novela Eusébio Macário, com o subtítulo “História natural e social duma família no tempo dos Cabrais”, publicado em 1ª. edição, em 1879, e em 6ª. edição, em 1887, dentro da “Coleção Lusitânia”, pela editora de Chardron, de Lelo & Irmão, do Porto. A presença de Eça e Zola impregna os quatro paratextos da obra: “Dedicatória”, “Nota Preambular”, “Prefácio à Segunda Edição” (setembro de 1879), “Advertência” (junho de 1879). Divido em duas partes, o livro traz na primeira, intitulada - Sentimentalismo – a novela Eusébio Macário, que parodia o estilo da escola naturalista. A narrativa gira em torno da família de Eusébio Macário, farmacêutico viúvo, aspirante ao título de Cavaleiro da Ordem de Cristo, pai de José Fístula e Custódia. Ao destino desta família entrelaça-se a do comendador Bento Montalegre, brasileiro (na novela camiliana, brasileiro é o português que emigrou para o Brasil e voltou a Portugal, regra geral com fortuna), com quem Custódia vem a se casar por interesse. A segunda parte da obra, referente à História, contém as biografias de Duarte de Castro, Manuel da Silva Coutinho, D. Francisco de Portugal. Segue-se às três biografias, a polêmica travada entre Camilo Castelo Branco e Manuel Pinheiro Chagas, a propósito da lenda do Machim, que integra o folclore da Ilha da Madeira, e trata da origem da localidade do Machico, atribuída a Roberto Machim, cavaleiro lendário da corte do réu Eduardo III de Inglaterra (final século XIV e início do XV). As críticas (positivas) recebidas pela novela Eusébio Macário, publicadas em jornais de Portugal, foram anexadas no final do volume.
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    Tres Lyras
    (Typ. do Progresso, 1862) Carvalho, Trajano Galvão; Rodrigues, A. Marques; Braga, G. H. de Almeida
    Três poetas maranhenses, Trajano Galvão Carvalho (1830-1864), Antônio Marques Rodrigues (1826-1873) e Gentil Homem de Almeida Braga (1835-1876) reuniram, em 1862, os seus poemas, sob o título de Três Liras, e os publicaram pela Tipografia do Progresso, em São Luís, ao preço de 3 mil reis o volume. Integram a antologia poemas compostos ao tempo em que Trajano Galvão, Antônio Marques e Gentil Braga freqüentaram a Faculdade de Direito de Olinda, entre 1850-1860, período que corresponde ao apogeu do Romantismo no Brasil, com forte presença cultural e artística da França, no país. “Moisés no Nilo”, de Trajano Galvão, “A Rosa e a Campa”, de Antônio Marques, são expressão da influência de Victor Hugo na poesia brasileira, enquanto “Eloá” e “A Borboleta”, de Gentil Braga, prestam tributo, respectivamente, a Alfred de Vigny e Lamartine. Ao lado dos franceses, Almeida Garrett é igualmente presença marcante entre os jovens poetas-bachareis maranhenses, em particular Antônio Marques, autor de “Meus Amores”, “A Rainha da Festa (Impressões de um Baile)” e “Nove de Dezembro”, este em comemoração à morte de Garrett, em 1854. A nota nacionalista é representada por poemas que celebram o país, como “O Brasil”, título das composições de Trajano Galvão e Antônio Marques, como daqueles comemoram festas cívicas regionais, do primeiro, “Ao Dia 28 de Julho”, sobre a independência da Bahia, em 28 de maio de 1822, do segundo, “Vinte e Oito de Julho”, em comemoração à Balaiada, revolução ocorrida no Maranhão em 1838. Lendas e tradições populares foram igualmente contempladas na antologia, nas composições de Gentil Braga, “S. José de Ribamar (Lenda de Antigas Eras)” e “Cajueiro Pequenino”. Precursor da poesia abolicionista, Trajano Galvão presta tributo ao negro nos poemas “O Calhambola”, “A Crioula” e “Nuranjan”.
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    Vozes do ermo
    (Mattos Moreira & Cia, 1876) Carvalho, Maria Amália Vaz de
    Maria Amália Vaz de Carvalho (Lisboa, 2 de fevereiro de 1847 – Lisboa, 24 de março de 1921), pseudônimo de Valentina Lucena, articulista de sucesso, tanto em Portugal quanto no Brasil, autora de vasta obra de caráter polígrafo que vai da poesia ao conto, da crônica ao estudo monográfico, primeira mulher a dar entrada na Academia das Ciências de Lisboa, redatora de periódicos femininos portugueses, como Voz Feminina, foi casada com o poeta parnasiano Gonçalves Crespo. Maria Amália estréia na poesia com o livro Vozes do Ermo, publicado em Lisboa, em 1876, pela editora de Matos Moreira & Cia. O volume tem prefácio de José Maria Latino Coelho (1825-1891), que discute a questão da sobrevivência da poesia, apontando o papel que cabe à mulher na garantia dessa sobrevivência. Dividido em duas partes, o livro traz composições marcadas por motivos caros ao ideário romântico, em particular a temática amorosa, que predomina na maior parte das composições (“O Sonho e a Realidade”), a religiosidade (“Confidências”, “Pecadora”), a presença da natureza (“Primavera”, “A Andorinha”, “O Campo”), a melancolia do sujeito poético diante da natureza (“Nostalgia do Impossível”). Vários poemas da antologia são dedicados a figuras femininas, tanto as da esfera familiar - a irmã, Maria do Carmo Vaz de Carvalho, a mãe (“Confidências”), a prima Aline de Gusmão (“Quadro Simples”) - quanto as do círculo de amigas - Eugênia Nunes Viseu (“Mocidade”), viscondessa de Castilho (“A Andorinha”), Ana Maria Ribeiro de Sá (“Júbilos), Heloise de Almeida e Albuquerque (“O Campo”), Margarida Street Lopes de Mendonça (“Primavera”). Last, but not least, o marido de Maria Amália, Gonçalves Crespo, não é deixado de fora desse panteão de homenageados (“O Romantismo”).
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    Serões no campo
    (Mattos Moreira & Cia, 1877) Carvalho, Maria Amália Vaz de
    Maria Amália Vaz de Carvalho (Lisboa, 2 de fevereiro de 1847 – Lisboa, 24 de março de 1921), pseudônimo de Valentina Lucena, articulista de sucesso, tanto em Portugal quanto no Brasil, autora de vasta obra de caráter polígrafo que vai da poesia ao conto, da crônica ao estudo monográfico, primeira mulher a dar entrada na Academia das Ciências de Lisboa, redatora de periódicos femininos portugueses, como Voz Feminina, foi casada com o poeta parnasiano Gonçalves Crespo. Ao estrear na poesia aos vinte anos, Maria Amália é saudada por personalidades literárias do porte de Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão, Camilo Castelo Branco e Guerra Junqueira. Em 1877, ainda, a escritora portuguesa lança em Lisboa, pela Livraria Editora de Matos Moreira e Cia, o livro Serões no Campo, volume que reúne, na primeira parte, um conjunto de contos românticos e edificantes e, na segunda, ensaios. O primeiro conto, “Um Justo”, conta a história do bondoso padre Gabriel; o segundo, “Alice”, trata das desilusões de uma esposa leviana, abandonada pelo marido depois de uma aventura imprudente; o terceiro, “A Enjeitada”, narra a vida atribulada de Maria, filha bastarda, abandonada na roda, por seus progenitores, depois resgatada por eles, e que consegue superar todas as adversidades, vindo a se casar com um fidalgo. As constantes interpelações à “leitora”, ao longo de “A Enjeitada”, assim como a carta enviada pela protagonista à professora, Mrs. Wilson, contendo longas passagens sobre a educação das mulheres, revelam que as narrativas eram destinadas ao público feminino. Os ensaios da segunda parte – “A Mulher Antiga e a Mulher Cristã”, “A Atriz”, “Madame de Sevigné”, “À Morte de Georges Sand” e “Castilho” – com exceção do último, em homenagem à morte de Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875), discutem a educação feminina e defendem a evolução da condição social da mulher, ainda que numa perspectiva tradicionalista.
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    Em Portugal e no estrangeiro
    (Antonio Maria Pereira, 1899) Carvalho, Maria Amália Vaz de
    Maria Amália Vaz de Carvalho (Lisboa, 2 de fevereiro de 1847 – Lisboa, 24 de março de 1921), pseudônimo de Valentina Lucena, articulista de sucesso, tanto em Portugal quanto no Brasil, autora de vasta obra de caráter polígrafo que vai da poesia ao conto, da crônica ao estudo monográfico, primeira mulher a dar entrada na Academia das Ciências de Lisboa, redatora de periódicos femininos portugueses, como Voz Feminina, foi casada com o poeta parnasiano Gonçalves Crespo. Os ensaios de crítica literária, dispersos em jornais e revistas de Portugal e do Brasil, foram reunidos na antologia Em Portugal e no Estrangeiro, publicada em Lisboa, em 1899, pela livraria-editora Parceria Antonio Maria Pereira. Dividida em duas partes, integram a primeira os ensaios acerca de figuras da história e da literatura portuguesa, caso de Amélia de Orleans, última rainha de Portugal, João de Deus, famoso poeta lírico, autor da Cartilha Maternal, de grande popularidade na época, Camilo Castelo Branco, mentor e amigo de Maria Amália, que acompanhou a agitada vida do escritor, em companhia de sua mulher, Ana Plácido, e José de Sousa Monteiro, vencedor do concurso literário em homenagem ao 4º. Centenário do Descobrimento da Índia, em 1898, com a peça Auto dos Esquecidos. A segunda parte da antologia é composta por dois artigos que se debruçam sobre a literatura de viagens, investigando os estrangeiros que visitaram Portugal e os que estiveram nos Estados Unidos, caso de Paul Bourget. Em seguida, vêm as resenhas de obras de cunho biográfico, focalizando figuras femininas marcantes na vida de grandes homens: As Amigas de Balzac, de Gabriel de Bellemare, os Diários Íntimos de Benjamin Constant, com destaque para a tumultuada relação com madame de Stäel, a biografia de madame de La Fayette, grande amiga de La Rochefoucault, pelo conde de Haussonville, a correspondência de Renan com a irmã, em Ma Souer Henriette, as Memórias de Infância, de Sofia Kovalewsky, e por fim o longo ensaio “Henri Ibsen e a sua Obra”.
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    Chronicas de Valentina
    (Tavares Cardoso & Irmão, 1890) Carvalho, Maria Amália Vaz de
    Maria Amália Vaz de Carvalho (Lisboa, 2 de fevereiro de 1847 – Lisboa, 24 de março de 1912), pseudônimo de Valentina Lucena, articulista de sucesso, tanto em Portugal quanto no Brasil, autora de vasta obra de caráter polígrafo que vai da poesia ao conto, da crônica ao estudo monográfico, primeira mulher a dar entrada na Academia das Ciências de Lisboa, redatora de periódicos femininos portugueses, como Voz Feminina, foi casada com o poeta parnasiano Gonçalves Crespo. Sob pseudônimo literário, publica Crônicas de Valentina, em 1890, pela casa editora de Tavares Cardoso & Irmão, de Lisboa. Na carta-prefácio, o amigo Ramalho Ortigão destaca como característica do processo crítico-investigativo de Maria Amália “uma nativa e dominadora necessidade de explicar todas as coisas para não odiar nenhuma”, apontando igualmente a popularidade da escritora num meio, como o português, cuja opinião “não é benigna à mulher de letras”. Alguns textos agrupados na antologia de 1890 referem-se à esfera do feminino, proveniente da pena de mulheres e homens, como “Sóror Mariana”, “A Vida e as Cartas de G. Eliot”, “A Mulher de Carlyle”, “Paulina de Beaumont e a marquesa de Custine”. Os últimos lançamentos de Alfred Daudet (O Imortal, 1880), Pierre Loti, (Pescador da Islândia, 1886) e Émile Zola (O Sonho, 1888), o interesse por escritores russos que tomou conta de Portugal, em traduções francesas, como Leon Tolstói (O Que Fazer?) e Dostoievski (Crime e castigo), a vida e a correspondência de Darwin, a passagem do historiador Henri Martin em Portugal são temas de outros textos, vazados num discurso a meio caminho entre o jornalístico e o literário.
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    Cartas a Luiza
    (Barros & Filha, 1886) Carvalho, Maria Amália Vaz de
    Maria Amália Vaz de Carvalho (Lisboa, 2 de fevereiro de 1847 – Lisboa, 24 de março de 1912), pseudônimo de Valentina Lucena, articulista de sucesso, tanto em Portugal quanto no Brasil, autora de vasta obra de caráter polígrafo que vai da poesia ao conto, da crônica ao estudo monográfico, primeira mulher a dar entrada na Academia das Ciências de Lisboa, redatora de periódicos femininos portugueses, como Voz Feminina, foi casada com o poeta parnasiano Gonçalves Crespo. Ao estrear na poesia aos vinte anos, Maria Amália é saudada por personalidades literárias do porte de Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão, Camilo Castelo Branco e Guerra Junqueira. Sob a influência de Madame de Sevigné, Madame de Stäel e George Sand, a escritora portuguesa pratica o texto epistolar, a exemplo das Cartas a Luíza (Moral, Educação e Costumes), livro publicado no Porto, pelos editores Barros & Filha, em 1886. Voz que se destaca nas questões do feminino, em Portugal do século XIX, em Cartas a Luíza, obra dedicada à amiga Maria Luiza de Almeida e Albuquerque, Maria Amália defende a necessidade e importância da educação feminina, tema recorrente em outros livros da autora, e contesta que as mulheres deveriam manter-se ignorantes. Na constituição da família moderna, caberia a elas, não um papel secundário, de submissão servil ao homem, como ocorreu em sucessivas civilizações, mas a missão social, posta em prática na esfera doméstica, como mães, companheiras e inspiradoras de seus maridos. Publicadas de forma esparsa, quatro das Cartas a Luíza saíram, entre 1884-1885, no jornal O País, do Rio de Janeiro, do qual Maria Amália Vaz de Carvalho era colaboradora.
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    Terra gaúcha
    (Livraria Universal, 1921) Callage, Roque
    Roque de Oliveira Calage (Santa Maria, RS, 15 de dezembro de 1888 – Porto Alegre, RS, 23 de maio de 1931), jornalista, contista, cronista, participou do regionalismo gaúcho que, a partir de 1910, toma vulto no Rio Grande do Sul, com o aparecimento de uma nova tendência regionalista, agora sob o influxo do Naturalismo. A contar de então, o regionalismo gaúcho entra em seu período culminante, uma espécie de “idade de ouro”, no interior do qual se insere o livro de Calage, Terra Gaúcha (Cenas da vida rio-grandense), cuja 1ª. edição foi publicada em 1914, e a 2ª. edição, em 1921, em Pelotas pela editora Livraria Universal, de Guilherme Echenique (1864-1947). Com epígrafe de Euclides da Cunha, a 2ª. edição da obra é antecedida pela transcrição do conto “Carreteiro”, publicado na revista Fon-Fon (1907-1958), do Rio de Janeiro, assim também de uma série de resenhas e breves notícias, que saíram em periódicos cariocas, em 1915, além da carta do historiador Rocha Pomba ao autor. Os dezesseis contos que integram a antologia – “Enxotado”, “Herói”, “Contrabandista”, “Carniça”, “Alma de Cego”, “Seca”, “Carneador”, “Civilização”, “Divertidos”, “Memória”, “A Vítima”, “Na Estância”, “Saudade”, “Carreteiro”, “Resto de Outra Raça”, “Superstições (A Lenda do Gogo Morto)” - exploram temas, paisagens, personagens em chave do pitoresco, segundo os padrões convencionais de um gauchismo típico.