Livro do monte

Abstract

Raimundo Antônio Bulhão Pato (Bilbau, Espanha, 3 de março de 1828 – Monte de Caparica, 24 de agosto de 1912), poeta, ensaísta, tradutor, jornalista, memorialista português, foi bon vivant, apreciador de viagens, da gastronomia e dos saraus literários em Lisboa, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Latino Coelho. Por fim, recolhe-se no campo, na companhia dos familiares, seguindo o exemplo de Herculano. Seu último livro de versos, Livro do Monte, que saiu em 1896, pela Tipografia da Academia, de Lisboa, corresponde a esse período da vida de Bulhão Pato. O título da obra, alusão ao Monte Caparica, onde o poeta viveu retirado os últimos anos de sua vida, e o subtítulo - “Geórgicas” – prestam homenagem a Virgílio, conforme o poeta declara no prefácio: “Intitulando Geórgicas a primeira parte do meu livro, segui, a distância enorme, o mestre imortal, que não se limitou à significação restrita da palavra, fazendo apenas um poema didático sobre a cultura do campo”. Menos preocupado em ensinar os métodos de cultivo da terra, Bulhão Pato explora nas quinze Geórgicas, dedicadas a vários amigos de sua geração, paisagens, atividades e figuras humanas oriundas do campo, nas quais a nota local se mescla ao modelo literário virgiliano. A segunda parte do livro, composto das “Líricas”, com exceção de algumas sátiras atuais, refere-se ao “passado rememorado” do poeta, lembranças pessoais da juventude e da maturidade, e das quais também participaram os amigos escritores com os quais travou contato ao longo de sua vida.