(Carlos Pinto & Comp., 1889)
Albuquerque, Medeiros e
Nome praticamente esquecido pelas histórias da literatura brasileira, coube a José Joaquim de Campos da Costa Medeiros e Albuquerque (Recife, PE, 4 de setembro de 1867 – Rio de Janeiro, RJ, 9 de janeiro de 1934) a introdução do Simbolismo no Brasil. Procedente de ilustre família pernambucana, ainda jovem Medeiros e Albuquerque acompanha o pai em viagem para a Europa, e, em Paris, entra em contato com as novas modas literárias francesas, em particular As Flores do Mal (1857), de Baudelaire. De volta ao Brasil, estreia na poesia com Canções da Decadência, publicado pela Tipografia Americana, de Pelotas, em 1889, data identificada no prefácio assinado pelo autor. Aqui, ainda, Medeiros e Albuquerque relata que a obra resulta da reunião de poemas escritos entre os 15 e 18 anos, e que num primeiro momento pensou em publicá-la sob pseudônimo. A crítica benevolente com que foi acolhido seu outro livro de poemas, Pecados, que também saiu em 1889, fez Medeiros de Albuquerque mudar de ideia, e assumir a responsabilidade do próprio nome. Muito embora caiba às Canções da Decadência lugar pioneiro na bibliografia simbolista brasileira, a obra foi avaliada na época como expressão da “estrambótica escola dos simbolistas e decadentes”, no dizer de Filinto de Almeida. O julgamento do crítico expressa a forte oposição enfrentada pelo Simbolismo, quando surgiu no Brasil, num momento em que o Parnasianismo, na poesia, e o Realismo, na prosa, ainda gozavam de grande prestígio. Por isso mesmo, em Canções da Decadência o simbolismo reside nos aspectos mais convencionais do movimento, como a ênfase na imaginação, no intuitivo, na exaltação do espiritual, do místico, na linguagem ricamente adornada, vestígios do repertório de soluções convencionais que o Parnasianismo estilizou.