Histoire de la révolution de 1848
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Data
1918
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Delagrave
Resumo
"Gaston Bouniols (1889-1940) foi um político francês. Filho do vice-prefeito de Molières e doutor em Direito, fez carreira na diplomacia e representou o governo francês junto ao governo sérvio em 1913. De volta à França com o fim da guerra, participou da Comissão das reparações e da dívida austro-húngara. Foi posteriormente eleito prefeito de Molières em 1925 e nomeado presidente da Assembleia departamental em 1928. Nesse momento aderiu ao partido radical socialista com o qual foi eleito senador em 1934. Publicou, dentre outros, Les conseils de guerre: un débat sous la Restauration (Paris, 1907) e Thiers au pouvoir (1871-1873), reunião de cartas que anotou e comentou de Adolphe Thiers, segundo presidente da República francesa (Paris, 1921).
Os precursores, História da revolução de 1848 trata da segunda revolução do século XIX francês, que poria fim à Monarquia de Julho, dando nascimento à breve Segunda República. Dividido em seis grandes capítulos, o primeiro deles apresenta os motivos que levaram à Revolução, com alguns de seus personagens principais: Guizot, Louis-Philippe, Odilon Barrot e Lamartine, cujo discurso do 13 de março de 1834, espécie de súmula, é reproduzido: “O espírito social substituiu o espírito monárquico. É a esse novo espírito que devemos pedir forças para o futuro: não são mais leis monárquicas, mas leis de consciência pública, de razão e de liberdade que precisamos fazer” (p.5). Bouniols investiga, assim, vários dos projetos de lei de proteção social elaborados nesse período, como o que regulamentaria o trabalho das crianças nas manufaturas. Apresenta, além disso, as razões que levaram à manifestação de 22 de fevereiro, que reuniu estudantes e trabalhadores.
O segundo capítulo percorre a manifestação do dia 23, confrontada pela Guarda Nacional, que assassinaria 52 oposicionistas do governo Guizot no bulevar dos Capuchinhos, em Paris, e a abdicação de Louis-Philippe, com a consequente instauração de um governo provisório. Trata, igualmente, da reforma bancária, com a centralização de sua atividade e limitação dos juros; das reformas democráticas que foram, nesse momento, implementadas, e que tiveram como algumas de suas medidas a aprovação do sufrágio universal masculino e a abolição da escravidão nas colônias francesas; das eleições gerais do 23 de abril, que contaria com a participação de escritores como o próprio Lamartine, além de Béranger, Vigny e, mais tarde, Victor Hugo, e da criação de diversas comissões que fariam desses governantes de 1848, segundo Bouniols, “nossos precursores” (p.61), perspectiva que reforçaria em nota: “que ministro de nosso tempo não formularia o mesmo programa?” (p.63).
O terceiro capítulo, intitulado “A obra do sufrágio universal”, relata várias das decisões da Assembleia Nacional e os desdobramentos da vida parlamentar. Assinala também as dificuldades, face à crise econômica, que começaram a enfrentar os ateliês nacionais, importante organização de oferta de trabalho aos desempregados parisienses e símbolo da política social de 1848, além da crescente popularidade de Louis Bonaparte, eleito deputado constituinte.
O quarto capítulo trata da dissolução dos ateliês nacionais, que levará à insurreição de junho duramente reprimida pelo general Eugène Cavaignac, então Ministro do Exército e eleito, posteriormente, chefe do poder executivo.
O quinto capítulo, intitulado “A República burguesa”, relata a eleição do novo presidente da Assembleia e a elaboração de vários projetos do parlamento, como o de reorganização do Ensino primário ou o imposto sobre doações e sucessões. Explicita, igualmente, a aproximação do general Cavaignac de posições conservadoras, “vigilante na manutenção da ordem, preocupado com o apaziguamento e a estabilidade, seguro para os proprietários e as classes médias” (p.313), moderação política que Bouniols chamaria de “República circunspecta”.
Finalmente, o último capítulo percorre a Constituição, cujas leis do Direito público permaneceriam atuais: a proibição de prisões ilegais, a abolição da escravidão, a liberdade de culto, de reunião, de imprensa, a admissão de todos aos cargos públicos, a instituição do ensino primário gratuito, etc. Bouniols não deixa de explicitar, contudo, equívocos, omissões, como o direito ao trabalho, e disputas com relação, por exemplo, às regras de funcionamento do próprio poder legislativo e da eleição para presidente, se por meio de Assembleia ou sufrágio universal masculino, posição vencedora que foi defendida, dentre outros, por Lamartine (pp.385-386). Tal modelo teria sido o responsável pela chegada ao poder de Louis Bonaparte, com o apoio de jornais como La Presse e Le Constitutionnel, mas também pelo golpe que, uma vez eleito, promoveria pouco depois (p.430)."