Filósofos e Polêmicas Oitocentistas - FPO
URI Permanente para esta coleção
Filósofos e polêmicas oitocentistas
O rol de obras filosóficas listadas e digitalizadas pela primeira fase do Programa Memória Social é composto por títulos publicados durante o século XIX. A identificação deste acervo tem importância assegurada ao menos por duas razões evidentes. Em primeiro lugar, propicia-se acesso a obras clássicas, em edições originais e antigas, franqueando ao pesquisador textos que podem ser cotejados com versões mais recentes e, desse modo, auxiliar o esclarecimento de renitentes questões interpretativas. Em segundo lugar, no caso em pauta, temos um notável e raro conjunto de livros, vários deles dificilmente encontrados mesmo em boas bibliotecas especializadas no Brasil.
Os textos de Auguste Comte (La philosophie positive e La synthese subjective) são elementos básicos da análise positivista e ainda hoje fazem parte obrigatória para os estudos comteanos. Importância semelhante têm os volumes de Destutt de Tracy (Commentaire sur ‘l’Esprit dês lois’) e de Gabriel Tarde (Étude de psychologie sociale). Nesses três casos, temos livros ainda hoje centrais e influentes: Comte, na epistemologia e filosofia política, de Tracy, em filosofia política, e Tarde – embora, a rigor, um cientista social e não um filósofo – na filosofia social.
Também voltado para a filosofia política e social é o título de Rémusat (Politique liberale), que resgata o contexto crítico de ideias políticas e filosóficas da segunda metade do século XIX. Mesmo sem ter a mesma presença contemporânea de Comte, Tarde ou Tracy, é um livro de sólida importância para o historiador da filosofia que pode nele encontrar um valioso retrato de conjunto das ideias da época.
Essa relevância historiográfica é também vigorosamente atestada pelos livros de Antonio Rosmini-Serbati (Opere edite e inedite) e Vincenzo Gioberti (Introduzione allo studio della filosofia e Degli errore filosofici di Antonio Rosmini). Temos aqui o resgate de toda uma polêmica feroz – iniciada na primeira metade do século XIX e persistente ainda por várias décadas – em torno de questões teológicas e políticas. A polêmica, em si, está praticamente esquecida, mas toca em questões universais e permanentes como o entrelaçamento da filosofia com a teologia e a vigência da doutrina tomista. Além disso, o debate Rosmini-Gioberti teve desdobramentos notáveis não apenas para a filosofia, mas para o processo político da unificação italiana, tornando-se assim protagonista da história política européia.