Navegando por Assunto "Apostolado (Teologia)"
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Item Le système historique de Renan(G. Jacques, 1905) Sorel, Georges"Georges Sorel (1847-1922) foi um filósofo e sociólogo francês. Autor de estudos em várias áreas, como a meteorologia, a física, a religião, a partir de 1893 afirma sua adesão ao socialismo e ao marxismo, publicando em revistas francesas como L’Ère nouvelle e Le Devenir social. Em colaboração com Hubert Lagardelle, contribuiu para a formulação de uma teoria do sindicalismo operário, momento em que escreveria um de seus livros mais conhecidos, intitulado Reflexões sobre a violência (1908; traduzido em português: Martins Fontes, 1993). Pouco depois, diante do que veria como uma crise do marxismo (La Décomposition du marxisme, 1908) aderiu ao movimento monarquista Ação Francesa de Charles Maurras e participou da revista conservadora L’indépendance, embora tenha se declarado a favor dos bolcheviques diante da Revolução Russa. Seu pensamento influenciou vários políticos e intelectuais da esquerda e da direita no século XX. Foram publicados na França, entre 1983 e 1989, sete números do Cahiers Georges Sorel, com vários artigos dedicados a ele. O sistema histórico de Renan, publicado em 1906, percorre de forma detalhada a obra do importante escritor francês, Ernest Renan, sobretudo a Vida de Jesus e as Origens do cristianismo, observando virtudes como a de ter subtraído à exclusividade de teólogos o estudo das origens cristãs, mas também à dos estudos religiosos, na medida em que essas origens interessariam à história dos costumes, das instituições e das ideias: “acho que o socialismo teria vários ensinamentos a extrair da conquista cristã” (p.2). Este, aliás, seria um dos paralelos organizadores do livro, entre socialismo e cristianismo, a partir do fio condutor dessa “conquista cristã”, que, segundo Sorel, Renan veria atrelada ao judaísmo: “edição do judaísmo acomodada ao gosto indo-europeu” (p.466). Trata-se de uma teoria que, para Sorel, teria um componente misterioso. Segundo ele, “se na Idade Média foi preciso imprimir ao cristianismo a maior deformação para adaptá-lo às necessidades espirituais e morais das raças arianas, como se torna difícil compreender a conquista do mundo Greco-latino por uma religião ainda totalmente semítica?” (p.467). Contra essa hipótese e várias outras de Renan, portanto, Sorel apresentaria as suas próprias, num livro que assumiria, em quase todo momento, o tom polemista. Retomam-se trechos bíblicos, confrontam-se interpretações. No caso dessa dimensão judaica, observaria que “os governos feudais, as cruzadas, a Inquisição” teriam deixado mais rastros do que o profetismo judaico, mas que, apesar disso, o cristianismo teria sido capaz, ao longo da história, de rejuvenescer em várias oportunidades com o interesse sempre de restaurar “alguma coisa dos tempos legendários do cristianismo, de retornar aos sentimentos que animavam as primeiras populações cristãs” (p.76). As crises seriam, assim, retornos à origem apoiados pela Igreja. Nesse sentido, e em diálogo com a obra de Renan, Sorel percorria o que chamou de núcleo fundamental: o período que se estende da morte de Jesus aos tempos de estabelecimento de uma autoridade canônica, período em que veria a importação de noções gregas, ou “ideias arianas” em ambiente semítico e a sua posterior propagação pela Europa, já que o cristianismo “só fez levar as populações arianas um renascimento de sua própria religião” (p.469)"