Navegando por Autor "Carvalho, Ronald de"
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Item Luz gloriosa(Casa Crès et Cie., 1913) Carvalho, Ronald deRonald de Carvalho (Rio de Janeiro, RJ, 16 de maio de 1893 – Rio de Janeiro, RJ, 15 de fevereiro de 1935), advogado, diplomata, chefe da Casa Civil durante o governo de Getúlio Vargas, em 1934, poeta e estudioso da literatura brasileira, incorporou-se ao primeiro grupo dos modernistas de 1922. Anos antes, participou no grupo da revista Orfeu, que em 1915, escandalizou a sociedade lisboeta e tornou-se marco inicial do Modernismo português. Homem que viveu em dois mundos simultaneamente – a belle époque e o Modernismo -, Ronald buscou, dessa forma, romper com a tradição simbolista, do interior da qual fez sua formação literária. Ainda assim, não conseguiu se despir plenamente de sua herança tradicional, como mostra o livro de estréia, Luz Gloriosa, publicado em 1913, em Paris, pela Casa Crès et Cie, e no qual o poeta-diplomata revela influência de Verlaine e Baudelaire. Luz Gloriosa fez sucesso na época, tendo recebido acolhida entusiástica de Graça Aranha, então figura importante no meio artístico do Rio de Janeiro. O título Luz Gloriosa indicia a presença da estética simbolista que, no formato do soneto e do alexandrino, consiste, sobretudo, na exaltação sensualista de aspectos vibrantes, luminosos, coloridos, sonoros da vida e da natureza. Viajante, Ronald inspirou-se igualmente na paisagem européia. Há também o lado sentimental, da aspiração à mulher amada e à perda, donde certa desesperança, para a qual contribui o deflagrar da Primeira Guerra Mundial. Para além desses elementos, observa-se na obra como forte marca simbolista, a preocupação com o cromatismo (cor, luz e brilho), a sinestesia e a musicalidade. As marcas do convívio de Ronald de Carvalho com os poetas portugueses da geração do Orfeu – Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa, entre outros – podem se identificadas no soneto “Êxul”, que integra os “Sonetos do Sangue”. Um leitor anônimo, lápis na mão, “sobrecarregou o texto com o seu próprio traço”, no dizer de Antoine Compagnon: riscou e contornou palavras, acrescentou informações, como esta que escreveu no rodapé do poema: “V. Páginas de doutrina estética: ‘Assim ao gênio caberá, além da dor da morte, da beleza alheia, e da mágoa de conhecer a universal ignorância, o sofrimento próprio, de se sentir par dos Deuses sendo homem, par dos homens sendo deus, êxul ao mesmo tempo em duas terras’”.