Les mystères païens et le mystère chrétien
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Data
1919
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Émile Nourry
Resumo
Alfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros.
Os mistérios pagãos e o mistério cristão, conforme afirma o prefácio do livro, teve a sua origem num dos cursos de Alfred Loisy no Collège de France dedicado à questão do sacrifício em diferentes religiões – sacrifício que Loisy aprofundaria mais tarde em Essai historique sur le sacrifice (1920. Trata-se, aqui, desse lugar do sacrifício no paganismo, mas também na religião cristã: “há em todos esses cultos um mito da salvação e um rito da salvação estreitamente ligados; o rito como a continuação do fato divino inicial, que exprime o mito, e o meio de perpetuar sua eficácia benéfica. Zagreu devorado e retornado à vida, Deméter perdendo sua filha e a reencontrando, Átis mutilado, morto e ressuscitado, Osíris assassinado e desmembrado por Seth, ressuscitado por Isis, Mitra imolando o touro para a criação dos seres, o Cristo, morrendo para a salvação dos homens e ressuscitando na glória de seu Pai, puseram na origem o fato divino por meio do qual são salvos todos aqueles que, crendo em seu nome, recomeçarão misticamente nos ritos da iniciação sagrada a experiência da divina provação e do divino triunfo” (p.17). Loisy percorre, assim, na primeira metade do livro, cultos, mitos e mistérios consagrados a Dionísio, Orfeu, Elêusis, Cibele e Átis, a Isis e Osiris, Mitra, dentre outros. Na segunda, volta-se ao culto cristão e à pregação de Paulo, perguntando-se “como o Novo Testamento e especialmente as epístolas de São Paulo atestam a metamorfose que do profeta que anunciava o reino de Deus, do Messias que veio realizar a esperança de Israel, fez um deus salvador, um ser celeste encarnado para abrir aos homens por sua morte e sua ressurreição o caminho da imortalidade” (p.22).