Pensées
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Data
1919
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Editor
J. M. Dent
Resumo
"Blaise Pascal nasceu a 19 de junho de 1623 em Clermont-Ferrand, na França, e morreu a 19 de agosto de 1662, em Paris. Educado em casa por seu pai, um matemático, Pascal teve seu ensino voltado para a matemática e para as línguas clássicas. O contexto histórico e político em que Pascal viveu ajudou-o na determinação de questões para cujas soluções ele contribuiu com comentários filosóficos. Introduzido como jovem e promissor matemático no círculo de Marin Mersenne [1588-1648], Pascal desenvolve, em 1645, o primeiro protótipo de sua máquina de calcular, iniciando, assim, por acaso, seus experimentos com os barômetros de mercúrio. Em 1647, após os experimentos com barômetros de mercúrio em Rouen e Paris, ele publica Expériences nouvelles touchant le vide [Novas experiências concernentes ao vácuo]. Os anos finais de sua vida foram dedicados à controvérsia religiosa, período no qual Pascal redigiu Les Provinciales [As Provinciais]. À época de sua vida, diferentemente de como veio a ser depois considerado, Pascal não era tido por filósofo. Na verdade, sua maior contribuição à filosofia, os famosos Pensées [Pensamentos], foi publicada postumamente, tendo-se originado de um grande conjunto de anotações e reflexões reencontradas e reunidas.
Os primeiros editores dos Pensées [Pensamentos] de Pascal ― seus amigos de Port-Royal [alusão ao convento de Port-Royal-des-Champs, no sudoeste de Paris, palco de inúmeras e importantes contribuições no domínio da filosofia, da lógica e da linguagem, no século XVII], entre os quais Antoine Arnauld [1612-1694] e Pierre Nicole [1625-1695] ― publicaram-nos sob o título: Pensées de M. Pascal sur la religion et sur quelques autres sujets [Pensamentos do Sr. Pascal sobre a religião e sobre algumas outras matérias], reagrupando todo seu conteúdo em duas categorias: os pensamentos mais especificamente religiosos e aqueles de caráter moral, filosófico e literário. Tais forma e conteúdo permaneceram intocados até 1842-1843, quando Victor Cousin [1792-1867] tratou de destacar, por assim dizer, a verdadeira obra, conforme os manuscritos dela conservados na então Bibliothèque Royale [Biblioteca Real, antecessora da hoje Biblioteca Nacional da França / Biblioteca “François Mitterrand”]. Desde então, com base em tais manuscritos, novas edições foram preparadas, algumas conservando a classificação temática da edição original de Port-Royal, outras buscando reconstruir a maior parte da obra, de acordo com o que teria sido o projeto do próprio Pascal para ela, outras ainda, por fim, atendo-se a um rígido critério filológico que legitimasse sua apresentação ao público.
Na sua apologética, se, de um lado, Pascal destaca a dignidade do homem como pensamento, de outro volta-se insistentemente para a fraqueza, para a caducidade do homem, sua tendência ao pecado. O tema da miséria humana torna-se central e alimenta-se não só de reminiscências bíblicas, mas também da experiência pessoal de um saber científico que deixou Pascal insatisfeito: um saber fruto do “esprit de géometrie” [espírito de geometria] que obnubila a realidade mais verdadeira, que, contudo, é possível colher com o “esprit de finesse” [espírito de finura]. Assim, a razão não é a via que conduz o homem a superar a própria miséria; ao contrário, justo a razão fá-lo aprofundar-se num abismo de desespero, tornando mais ardente ainda a experiência da limitação humana. Também o reconhecimento da existência de Deus exige uma escolha pessoal, não podendo ser objeto de provas racionais. Introduz-se aí o típico argumento pascaliano da “aposta” [pari]. Devendo escolher entre a afirmação e a negação de Deus, da parte da afirmação está o bem, a felicidade, o infinito; da parte da negação o finito, o provisório. Se apostamos em “Deus é”, em caso de ganho temos o infinito, o eterno; se perdemos, não perdemos nada de importante. Mas se apostamos em “Deus não é” e perdemos, perdemos junto o infinito e o eterno."
Descrição
D'après l'édition de M. Brunschvigg. Préface d'Émile Boutroux
2.ed.
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