Voltaire2013-11-082013-11-08188600002028856783http://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/6756Na página de rosto: Écrits par lui-même publiés par un Bibliophile"François-Marie d’Arouet [Voltaire], mais bem conhecido como Voltaire, nasceu a 21 de novembro de 1694 em Paris, tendo vindo a falecer na mesma cidade, em 1778, a 30 de maio. Proveniente de uma rica e tradicional família aristocrática, parte da elite francesa durante o reinado de Luís XIV, Voltaire obteve uma ótima educação no Lycée [Liceu] Louis-le-Grand [que fora antes o Collège [Colégio] de Clermont], na capital do reino. Seu pai, ativo na cultura literária da época, introduziu-o nas letras modernas. Desde o início de sua juventude, mesmo contra a vontade paterna, Voltaire aspirou a imitar seus ídolos Molière [1622-1673], Racine [1639-1699] e Corneille [1606-1684], com o objetivo de tornar-se dramaturgo. Em respeito ao pai, contudo, estudou direito como aprendiz de advogado, tendo posteriormente exercido o cargo de secretário de um diplomata francês. Mas Voltaire acabaria por abandonar tais funções, voltando-se para a sociedade libertina de Paris, na década de 1720, entre os reinados de Louis XIV, o Rei-Sol [1638-1715], e Louis XV [1710-1774], respectivamente transcorridos entre 1643 e 1715 e 1715 e 1723, no período nomeado Régence. Sem muitas dificuldades para tornar-se uma figura popular, Voltaire foi capaz de estabelecer-se como homem independente de letras em Paris, iniciando sua carreira com a publicação de seu Œdipe [Édipo], lançado em 1718, releitura da tragédia antiga de mesmo nome. A partir dela, passa a autonomear-se Voltaire. Exilado na Inglaterra entre 1726 e 1729 [após ter sido acusado de difamação por um nobre aristocrata francês], Voltaire amadurece profundamente em tal período sua própria formação filosófica, a tal ponto que, não obstante o exagero, Lord Morley afirmaria: “Voltaire left France a poet and returned to it a sage.” [Voltaire deixou a França como poeta e returnou a ela como sábio] É bastante conhecida a satiricamente impiedosa caracterização do filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz [1646-1716] e do otimismo do melhor dos mundos possíveis por Voltaire em seu romance Candide [Cândido], através do personagem Dr. Pangloss. As Memórias para servir à vida do Sr. Voltaire, escritas pelo próprio, obra, no caso presente, editada “par un bibliophile” [“por um bibliófilo”] e publicada pela “Librairie des Bibliophiles” [Livraria dos Bibliófilos], em Paris, em 1886, não sendo um texto cuja densidade filosófica o credenciasse para uma apreciação do pensamento voltairiano, é escrito que cobre um arco de vinte e sete anos, de 1733 a 1760. Como a ele refere-se o editor do presente volume, estas Memórias ”são menos uma autobiografia do autor de Cândido do que um relato circunstanciado de suas relações e desavenças com Frederico II, rei da Prússia.” Tanto é assim que, sempre segundo o mesmo editor, “há até uma edição das Memórias intitulada: A Vida Privada do Rei da Prússia ou Memórias etc.” E, na biblioteca digital [Gallica] da Bibliothèque nationale de France [Biblioteca Nacional da França], a mesma obra tem o título de: “La vie privéee du Roi de Prusse. Ou Mémoires etc.” [A vida privada do Rei da Prússia ou Memórias etc.], e, ademais, o seguinte subtítulo: “Anecdotes du Roi de Prusse. Ou Mémoires etc.” [Anedotas do Rei da Prússia ou Memórias etc.]. Não sendo uma obra densamente filosófica, tampouco, a rigor, uma autobiografia propriamente dita de Voltaire, as Memórias podem mesmo assim oferecer interesse ao pesquisador devotado ao estudo e à reflexão sobre o autor, particularmente no tocante à suas personalidade e biografia."François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire (1694-1778), foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades civis. É uma dentre muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Escritor prolífico, Voltaire produziu cerca de 70 obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e panfletos. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire é o patriarca de Ferney. Ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Por dizer o que pensava, foi preso duas vezes e, para escapar a uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke. Em Mémoires pour servir à la vie de M. de Voltaire, obra publicada em 1759, mesmo ano de publicação de Cândido, o leitor não deve esperar confidências nem narrativas autobiográficas – trata-se de um acerto de contas. As Mémoires contam as peripécias, os incidentes e as polêmicas em que Voltaire se envolveu, ou se viu envolvido, sempre, de uma forma ou de outra, na presença da figura paradoxal do rei da Prússia, poeta, músico e filósofo, mas também homem de muitos defeitos. O estilo é marcado pela sátira, o dito de espírito, por vezes cáustico, com que põe a nu as contradições de Frederico II e do despotismo esclarecido. Se os filósofos de sua contemporaneidade conseguiam cultivar as ideias do progresso, da tolerância e do espírito científico nos monarcas, isso não significava que dispusessem de algum tipo de segurança. Podiam ser protegidos, mas podiam igualmente cair em desgraça. E para isso não era preciso muito mais do que uma história de cordel, ou qualquer outra história banal de intriga e ciúme. Os riscos eram efetivos e Voltaire, receando pela sua liberdade, debandou em direção a Genebra, sendo pelo caminho ainda detido. Apesar desta contingência permanente, foi possível a Voltaire fazer fortuna e ganhar poder suficiente para intervir nos destinos da Europa, influenciando ora Frederico II ora Luís XV, ao ponto de, em plena Guerra dos Sete Anos, ser ele próprio a intermediar a caricata disputa que ficou nos anais da História como a Guerra das Odes, em que os dois monarcas enviavam e devolviam um ao outro impropérios em verso.frLiteratura francesa - Século XVIIIMémoires pour servir à la vieLivro/storage/bd/cedem/livros/memoires-pour-servir-a-la-vie