Navegando por Assunto "Literatura Francesa - Século XVIII"
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Item Le tombeau de Mlle De Lespinasse(Librairie des Bibliophiles, 1879) Alembert, Jean Le Rond d'Jean le Rond d'Alembert (1717-1783) foi um filósofo, matemático e físico francês que participou da edição da Encyclopédie, a primeira enciclopédia de que se tem notícia. Filho adotivo de um casal de vidraceiros, d’Alambert conclui o curso de Direito e pouco tempo depois descobriu sua vocação para as ciências, à qual passou a se dedicar. Suas contribuições para a Física e a Matemática logo lhe renderam reconhecimento e notoriedade. A vida de d’Alambert sofreria grande mudança após travar conhecimento de Julie de Lespinasse, ou Mademoiselle de Lespinasse, célebre salonnière francesa. Durante os anos de 1764 e 1776, Julie de Lespinasse (originalmente Jeanne-Julie-Eléonore de Lespinasse, 1732-1776) manteve em Paris um salão frequentado por grandes intelectuais da época: Condillac, Marmontel, Condorcet, Turgot e d’Alambert. As reuniões oferecidas na casa eram regadas, acima de tudo, com boa conversa; por seu espírito, seu gênio e sua inteligência, Julie de Lespinasse exercia em todos so convivas uma poderosa sedução, fazendo-os mesmo esquecer de seu rosto desfigurado pela varíola. D’Alambert manteve estreitos vínculos de amizade com Julie de Lespinasse, o que não se estendeu para qualquer outro tipo de laço, apesar do amor que o cientista nutria pela dama. De saúde frágil, a espirituosa salonnière falece prematuramente, aos 43 anos. Em sua homenagem, d’Alambert escreve a obra Le tombeau de Mlle de Lespinasse, em que o cientista desenvolve, ao longo de três textos, um tributo saudoso à amiga e amada. O primeiro texto, intitulado Portait de Mlle de Lespinasse, em realidade, se configura em um retrato e foi endereçado à própria Julie no ano de 1871, cinco anos antes de sua morte. Os outros dois textos - Sur le tombeau de Mademoiselle de Lespinasse e Aux manes de Mademoiselles de Lespinasse - foram escritos após a morte da dama, em junho e setembro de 1776, e se configuram em uma espécie de carta de lamento endereçada à própria Julie de Lespinasse, que o autor teria escrito sobre seu túmulo. O texto ainda conta com um extenso prefácio elaborado pelo Comte de Gilbert, por quem a dama fora apaixonada, em que o autor redige uma apresentação de sua espirituosa e inesquecível amiga.Item Les liaisons dangereuses : lettres recueillies dans une société, et publiées pour l'instruction de quelques autres(1820) Choderlos de Laclos, Pierre-Ambroise-FrançoisPierre-Ambroise-François Choderlos de Laclos (1741-1803) foi um oficial e general do exército francês que inscreveu seu nome na literatura com a obra Les Liaisons Dangereuses, cuja primeira publicação data de 1782. Laclos nasceu em uma família burguesa. Aos 19 anos foi enviado para a École Royale d’Artillerie de la Fère, onde, entre os anos de 1760 e 1792, foi nomeado segundo-tenente, tenente, capitão e marechal. Às vésperas da Revolução Francesa (1789), Laclos passa a servir o duque Philippe d’Orléans, tornando-se, em seguida, membro do partido dos jacobinos, mas, devido a uma acusação de cumplicidade com Dumouriez, foi preso por duas vezes em 1793. Retomada a sua liberdade, após alguns anos de serviço juntamente ao governo francês, Laclos retorna ao exército em 1800 como general de brigada das tropas de Reno, cargo a ele conferido pelo imperador Napoleão Bonaparte. Com a promoção, Laclos serviu nas campanhas do Reno e da Itália, tendo aí falecido no ano de 1803. Apesar de sua promoção a capitão no ano de 1771, Laclos vivia entediado com seus deveres na artilharia. Por conta disso, passou a dedicar seu tempo livre à literatura. Sua primeira obra se constituiu em um livro de poemas, intitulado Almanach des Muses. Em seguida, escreve uma ópera cômica intitulada Ernestine, que foi inspirada em uma novela de Marie Jeanne Riccoboni e que não obteve sucesso de público. A grande obra de Laclos viria a ser, então, Les Liaisons dangereuses, considerada ainda hoje como uma obra prima. Visto por diversos críticos como um conto sobre a moralidade, e por outros como uma espécie de um estudo sobre a libertinagem na corte, Les Liaisons dangereuses captura as fraquezas da aristocracia francesa à época da Revolução Francesa. A obra, que se trata de um romance epistolar composto por 175 cartas, (a presente edição conta com dois tomos), retrata a história de dois nobres franceses, o Visconde de Valmont e a Marquesa de Merteuil, que ocupavam seu tempo “gerenciando” as relações pessoais entre as pessoas ao seu redor: de maneira inescrupulosa, os nobres não hesitam em manipular e envolver as demais personagens em intrigas e jogos de sedução, por vezes mesmo submetendo-as a situações humilhantes. O escândalo causado por esse romance epistolar na época de sua publicação se compara ao das produções eróticas do Marquês de Sade. A obra se configurou como uma crítica vívida à nobreza francesa por expor ao público os desejos mais vis e mais recônditos de suas personagens. A intenção de Laclos com este livro era escrever algo que tratasse do cotidiano, que chamasse a atenção e que permanecesse no gosto do público e na história literária, mesmo após sua morte.Item Voyage à Montbard(Librairie des Bibliophiles, 1890) Hérault de Séchelles, Marie-JeanMarie-Jean Hérault de Séchelles (1759 – 1794) foi um filósofo, juiz e político francês e um dos principais atores da Revolução Francesa, tendo por isso sido acusado de traição e executado. Foi também um dos principais redatores da Declaração dos direitos do homem e do cidadão, de 1793. Nascido em família nobre, Séchelles demonstrou desde a infância grande capacidade intelectual. À parte os diversos cargos que ocupou por toda a sua carreira, na política e no judiciário, Séchelles ainda encontraria espaço para a literatura, que tanto amava. No ano de 1785, Hérault Séchelles empreende uma grande viagem ao encontro do notório naturalista Georges-Louis Leclerc, o Conde de Buffon, considerado então como um verdadeiro sábio e um dos maiores escritores de seu tempo; no mesmo ano, ele publica sua obra Voyage à Montbard, em que relata a viagem que fez em visita ao amigo. Aqui, o autor procura apresentar, de maneira vívida e bem humorada, os detalhes de caráter, pessoais e intelectuais de seu amigo, que muito o impressionavam. O jovem Séchelles relata alguns momentos marcantes da sua estada no palacete do amigo ancião e das proveitosas conversas que teve com ele, momentos em que trava conhecimento do caráter grandioso do conde. Profundo admirador desse que considerava um templo vivo de conhecimento e sabedoria, Hérault se autoriza, ainda assim, alguma impertinência na escritura de seu livro, não hesitando em mostrar ao leitor alguma das fraquezas do amigo: diz o autor que o conde era cínico a respeito da religião e possuidor de um grande ego. Para alguns críticos, Séchelles desempenha, nessa obra, o papel de observador atento e de pintor detalhista do que vê e vivencia. Considerado um verdadeiro documento, à parte alguns trechos em que a preocupação com as belas letras se sobrepõe à transcrição do caráter do conde ou de aspectos da viagem, esta obra, publicada sem nome do autor ou do editor no final do século XVIII, e reeditada ao decorrer do século seguinte, configura-se como um registro genuíno da refinada atmosfera dos anos derradeiros do Antigo Regime.