Filosofia
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ItemEcrits philosophiques et morceaux propres à donner une idée générale de son système(Joubert, 1847) Schelling, Friedrich Wilhelm Joseph von"Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling nasceu em 27 de janeiro de 1775 em Leonberg, na Alemanha, e faleceu no dia 20 de agosto de 1854, em Bad Ragaz, na Suíça. Amigo próximo de Hegel [1770-1831] e Hölderlin [1770-1843], com os quais frequentou o seminário luterano em Tübingen, entre 1790 e 1795, mudou-se depois para Leipzig, onde entrou mais profundamente em contato com a obra de Kant [1724-1804] e Fichte [1762-1814]. De modo geral, a importância de sua obra está sobretudo calcada em três aspectos: o primeiro é sua Naturphilosophie [filosofia da natureza], que abre a possibilidade de uma perspectiva hermenêutica moderna sobre a natureza, mas que não restringe sua importância ao que pode ser estabelecido apenas em termos científicos; o segundo, a filosofia anti-cartesiana da subjetividade, prefigura algumas das melhores ideias de grandes pensadores como Heidegger [1889-1976], Nietzsche [1844-1900] e Lacan [1901-1981], mostrando o sujeito pensante como não totalmente transparente para si mesmo; o terceiro, por fim, é sua crítica do idealismo hegeliano, que, entre outros, trouxe influência a Kierkegaard [1813-1855], Marx [1818-1883], Nietzsche e Heidegger. A presente tradução francesa, publicada em 1847 ― e, pois, distante sete anos da morte de Schelling ―, foi preparada por Charles Bénard [Charles Magloire Bénard; 1807-1898], autor, entre outros, de Précis de Philosophie [Sumário de Filosofia], De l’enseignement de la philosophie [Do Ensino da Filosofia], De la philosophie dans l’éducation classique [Da Filosofia na Educação Clássica], obras não por acaso em uníssono com o pano de fundo do espiritualismo cousiniano então vigente entre gauleses, cujo patrono, Victor Cousin [1792-1867], orientara Bénard no tocante à tradução de obras filosóficas alemãs para o francês. Notar-se-á, en passant, que o próprio Schelling pronunciara-se sobre o pensamento de Cousin, pronunciamento este, por sua vez, traduzido para o francês por um aliado do autor do ecletismo francês [Jugement de M. De Schelling sur la philosophie de M. Cousin; traduit de l’allemand et précedé d’un essai sur la nationalité des philosophies par J. Willm. Paris: Lavrault, 1835 [Juízo do Sr. Schelling sobre a filosofia do Sr. Cousin, traduzido do alemão e precedido de um ensaio sobre a nacionalidades das filosofias por J. Willm]]. Em meio a este cenário, vê-se logo que tais Escritos filosóficos e fragmentos adequados a dar uma ideia geral de seu sistema, já em consonância com o título e objetivo do recolho traduzido por Bénard, não correspondem a uma obra propriamente dita de Schelling, mas a uma tentativa de, por meio de seleção julgada apropriada pelo próprio tradutor, divulgá-lo junto ao leitor francês, em especial, mas também ao francófono, em geral. O conteúdo desta tradução francesa apresenta um conjunto de quatorze lições ministradas por Schelling em 1802, na Universidade de Jena, instituição na qual ensinara de 1798 a 1803. Nelas, o exposto por ele remete em especial à sua obra fundamental, publicada em 1800, Sistema do Idealismo Transcendental [System des transzendentalen Idealismus]. Os temas nelas evocados, entre outros, abordam a filosofia e as ciências [particularmente a física, a química, a medicina e a “ciência da natureza orgânica” [a então, como tal, nascente “biologia”, cuja expressão fora difundida a partir de 1802 na obra Biologie oder Philosophie der lebenden Natur [Biologia ou Filosofia da Natureza Vivente], de Gottfried Reinhold Treviranus [1776-1837]]], a filosofia e a teologia, a filosofia e a arte. Afora tais lições, o restante do livro composto por Bénard [cujo prefácio ao mesmo, por sinal, alonga-se por mais de cem páginas] apresenta ainda dois estudos unitários do filósofo romântico alemão [“Discurso sobre as artes do desenho em sua relação com a natureza”; “Sobre Dante em perspectiva filosófica”], bem como um conjunto de “Diversos fragmentos extraídos das obras de Schelling”, relacionados à filosofia, à religião, à política e à história, à natureza e à arte, sempre de acordo com as denominações propostas pelo próprio tradutor do volume em pauta. Num “Suplemento” final, Charles Bénard brinda-nos ainda com dois excertos de outras autorias: um de Schlegel [trata-se de August-Wilhelm Schlegel [1767-1845]: “Sur le rapport des beaux-arts avec la nature” [Sobre a relação das belas-artes com a natureza]], outro de Goethe [Johann Wolfgang von Goethe [1749-1832]: “Sur la vérité et la vraisemblance dans les œuvres d'art” [Sobre a verdade e a verossimilhança nas obras de arte]]."