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ItemF. le Play. Économie sociale(Guillaumin, 1891) Le Play, FrédéricFrédéric Le Play foi um sociólogo e economista francês. Nasceu no dia 11 de abril de 1806 na comuna francesa de Rivière-Saint-Sauveur e faleceu no dia 5 de abril de 1882, em Paris. Formado como engenheiro de minas pela Escola Politécnica e interessado pelo mundo operário, Le Play buscou estudar as condições de vida dos trabalhadores, especialmente dos mineiros, no começo da Revolução Industrial. Com base em observações feitas durante suas viagens a trabalho pela Europa, Le Play desenvolveu um método comparativo de estudo de sociedades que se baseiam no direito de herança que existe no seio familiar, tornando-se um dos pioneiros da sociologia francesa. Fundador da Sociedade Internacional de Estudos Práticos de Economia Social e da União da Paz Social, Frédéric foi Conselheiro de Estado e realizou numerosos estudos sociais durante o governo de Napoleão III. Grande parte de sua ideologia está baseada em sua célebre frase “Tudo o que é contra família é contra a pátria e tudo o que é contra a pátria é contra a família”. Em toda sua obra é visível o dualismo associado a um projeto científico e uma constante ambição de reforma social marcada por certo conservadorismo. A obra Économie sociale, publicada em 1891, trata das urgentes reestruturações na economia social que Fréderic considera indispensáveis, sobretudo na esfera que toca a agricultura e as convenções familiares que envolvem as práticas nesta área.
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ItemHistoire de la société française pendant le directoire(Charpentier, 1899) Goncourt, Edmond et Jules de"Edmond de Goncourt (1822-1896) e Jules de Goncourt (1830-1870) são dois irmãos e escritores franceses que publicaram diversas obras juntos. Iniciaram na vida literária em 1851, quando começaram a escrever um diário em vários tomos até a morte de Jules, em 1870, quando seria continuado por Edmond. Tais volumes representam, atualmente, um importante documento histórico da vida social, literária e política da França do século XIX. Também colaboraram com os jornais L’Éclair e Paris. Publicaram diversos romances, La Lorette, um dos primeiros romances com tons naturalistas, Germinie Lacerteux, o mais notório deles, entre outros. No domínio histórico, o século XVIII, que compreende a Revolução Francesa, foi o século favorito de ambos, com estudos como Histoire de la société française pendant la Révolution (1854), Portraits intimes du XVIII siècle (1857-1858), Madame du Barry (1860), Madame de Pompadour (1878), L’art du XVIII siècle (1859) e La femme au XVIII siècle (1862). Após a morte de Jules, em 1870, Edmond publicou ainda alguns livros: La Fille Élisa (1877), Les Frères Zemganno (1879), La Faustin (1882) e Chérie (1884). E aos domingos após a morte de seu irmão, Edmond reunia escritores e artistas da época. Dentre eles, os primeiros membros da Académie Goncourt, que anualmente atribui o prêmio Goncourt, o mais prestigioso da França. História da sociedade francesa durante o Diretório relata a história social de um período da Revolução Francesa chamado de Diretório. Trata-se de uma forma de governo utilizada pela Primeira República francesa que se estendeu de 1795 a 1799, e de caráter menos democrático, com a adoção do sufrágio censitário e criação de duas câmaras: o Conselho dos Quinhentos e o Conselho dos Anciãos. Diferentemente da perspectiva política, os irmãos Goncourt dedicam-se neste livro, entretanto, a “pintar os costumes, as almas, a cor das coisas, a vida e a humanidade” (p.v), através da consulta a jornais, brochuras, mas também autógrafos, gravuras, desenhos, “monumentos íntimos do que uma época deixa para trás para servir de confissão e ressurreição” (p.vi). Assim, percorrem o amor, que veem a partir de uma espiritualismo coetâneo aos romances de Jean-Jacques Rousseau e Bernardin de Saint-Pierre, a banalização dos divórcios (p.177), o desaparecimento de toda ideia moral do casamento, o “encorajamento à libertinagem”. Do mesmo modo, abrangem desde a moda feminina e masculina, o culto do corpo, o ateísmo, a vida dos teatros e da ópera, no intuito de oferecer um quadro completo dos costumes franceses do período."
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ItemGrandezza e decadenza di Roma(Fratelli Treves, 1904) Ferrero, GiglielmoGuglielmo Ferrero (1871-1942) foi um escritor e historiador italiano. Escrita em cinco volumes, a obra Grandezza e decadenza di Roma foi publicada entre 1901 e 1907 e elabora um estudo acerca do Império Romano, partindo da crise da República romana que conduziu Júlio César, e posteriormente Augusto, ao poder até a queda de Silas, seu último imperador. Por sua clareza e fluidez, a obra se consagrou não somente na Itália como também no exterior, tendo sido traduzida para vários idiomas, apesar das críticas de muitos acadêmicos italianos devido a seus posicionamentos polêmicos a respeito de diversos temas - dentre eles, a respeito de grandes personagens históricos como César, considerado por Ferrero não como um estadista, mas sim como um demagogo, defensor do mercantilismo face à tradição agrícola da sociedade romana. A obra foi premiada pela Academia Francesa com o Prêmio Henri Langlois. Como mencionado, a obra se divide em cinco volumes. No primeiro volume, La conquista de l'Impero, o autor parte da república, abordando suas condições sociais, culturais e econômicas, e os fatos políticos e bélicos mais marcantes do período, passando por nomes como os da Família Gracco, Caio Mário, Crasso, Pompeu, Marco Tulio, Júlio Cesar, o último ditador da república romana. O segundo volume, Giulio Cesare, tratará dos movimentos de César nas guerras contra os helvécios e os germânicos, da anexação da Gália, da democracia imperialista de César, do segundo consulado de Crasso e Pompeu, dos problemas enfrentados nas tentativas de conquista britânica e persa, da revolta da Gália, da guerra contra a Espanha, das relações entre Roma e o Egito, além das diversas guerras civis que precederam a queda da República, com a morte de César, seguida de grande crise em todo o território. O terceiro volume, Da Cesare ad Augusto, parte dos eventos relacionados ao dia do assassinato e ao funeral de Júlio César, e das medidas tomadas após tal acontecimento: a formação do segundo triunvirato entre Antônio, Otaviano e Lépido, com o intuito de controlar a grande crise que se instaurou após a morte do último ditador romano. O volume ainda trata da reorganização do partido cesariano e das medidas tomadas pelo trinvirato - repleto de tensões, sobretudo entre Otaviano e Antônio - até a restauração da república levada a cabo por Otaviano, assim como a chegada de Augusto ao poder. O quarto e quinto volumes, intitulados La repubblica di Augusto e Augusto e il Grande Impero tratarão de todas as realizações de Augusto, fundador do Império Romano e seu primeiro imperador, tendo governado entre 27 a.C e 14 d.C.
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ItemI Russi su la Russia(Fratelli Treves, 1905)Esta obra apresenta uma coleção, em seis volumes, de artigos de variados autores tratando de diversos assunto concernentes à Rússia imperialista pré-Revolução de 1917. Com o intuito de constituir uma obra que se configurasse como uma espécie de olhar panorâmico de toda a identidade russa, a partir de textos elaborados por diferentes autores russos, a obra aborda precisamente os temas do movimento político na Rússia, da questão universitária e dos movimentos estudantis no país, de suas vilas, do Zemstvo (sistema de administração local introduzido pelo czar Alexandre II com vistas a conferir autonomia, a cada cidade ou vila, sobre assuntos concernentes à sua administração, trânsito, saúde, educação, comunicação, comércio etc, a partir da eleição de representantes), da igreja, da política financeira, da questão do trabalho, do procedimento penal extra-legal, da mulher e a sua participação social, da questão do campesinato, da polícia, da instrução popular, da arte moderna, das obras russas, das relações com a Finlândia, com o reino da Polônia e com os armenos habitantes de seu colo, do exército e da esquadra russos. A obra ainda é considerada um guia valioso para compreender a Rússia imperialista.
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ItemDiscours et rapports de Robespierre(Eugene Fasquelle, 1908) Robespierre, Maximilien deMaximilien François Marie Isodore de Roberpierre (1758-1794) foi um dos principais líderes políticos durante a Revolução Francesa, líder do grupo radical Jacobinos. Nasceu na cidade de Arras, em uma família burguesa. Muito aplicado nos estudos, conseguiu uma bolsa e foi estudar Direito em Paris. Interessados por filósofos como Montesquieu, Condillac, Mably e Jean-Jacques Rousseau, tais influência foram decisivas para a sua formação. Em 1781, Robespierre volta para Arras e é eleito deputado na Assembleia dos Estados Gerais, convocada por Luís XVI às vésperas da Revolução e embrião da Assembleia Nacional Constituinte, da qual também participou. Na Assembleia, torna-se líder do partido jacobino (os Montagnards, em francês), facção política radical que defende os interesses da pequena burguesia e dos sans-culotte (artesãos e componeses), e conquistam o poder. Robespierre se tornaria conhecido sobretudo em 1790 quando afirmaria na tribuna da Constituinte de 1789 que todos os franceses deveriam ser admitidos nos empregos públicos sem distinção se não os seus próprios talentos e virtudes. Em 1792, começaria a publicar o jornal Le Défenseur de la Constitution. Foi eleito deputado de Paris para a Convenção nacional, onde teve como adversários Brissot e os Girondinos. Quando os jacobinos ganham o controle do governo, inicia-se o “Período do Terror” (1793 à 1794), marcado por repressão violenta contra os chamados “inimigos do povo”, que eram membros do clero, nobres e girondinos (facção moderada dos revolucionários, acusados de não defender a Revolução), e qualquer um que fosse crítico do novo regime, como o ex-aliado dos jacobinos, Georges-Jacques Danton, que foi executado em 1794. O radicalismo de Robespierre, que o fez um ditador sanguinário, resultou em sua decapitação, em julho de 1794, fruto de um golpe engendrado pelos girondinos. Estes Discursos e relatórios reúnem grande parte das manifestações públicas de Robespierre, começando com uma delas, pronunciada em 5 de fevereiro de 1791 a respeito da organização dos júris, contra o despotismo judiciário e igualdade nos processos, passando por um “Discurso sobre a liberdade de imprensa”, pronunciado na Sociedade dos Amigos da Constituição em 11 de maio de 1791, até o famoso e derradeiro “Discurso do Thermidor” de 26 de julho de 1794.
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ItemLa grande révolution : 1789-1793(P.-V. Stock, 1909) Kropotkine, PierreLa grande révolution (em português: A grande revolução) é uma obra escrita em 1909 por Pierre Kropotkin – geógrafo, escritor e ativista político russo do século XIX, considerado o fundador da vertente anarco-comunista –, apresentada aqui em tradução francesa publicada também em 1909. Neste livro, Kropotkin narra de maneira crítica a história da Revolução Francesa, ocorrida entre os anos de 1789 e 1793, concentrando-se no drama do povo camponês na luta, primeiramente, contra o absolutismo do Ancien Régime e, em seguida, em defesa da tomada de seu próprio destino através dos comitês revolucionários. Para o autor, a história apresenta lacunas por conta dos milhares de fatos e movimentos paralelos que compõem a Revolução, fato que por si só explicaria o grande trabalho a ser ainda realizado. Com vistas a tapar algumas dessas lacunas, o autor debruça-se, então, sobre os levantes dos camponeses em 1789, sobre suas lutas para e contra a abolição dos direitos feudais. Partindo de uma ordem cronológica aparentemente clássica dos eventos, mas valorizando não apenas os eventos em si como também a visão singular do autor - obra tratará do período heroico da Revolução, que se estendeu de maio a outubro de 1789; da luta surda entre a realeza decadente e o novo poder constitucional até junho de 1792; dos esforços empreendidos pelos Girondinos para parar a Revolução até junho de 1793; passando, então, para a Revolução Popular e concluindo com o fim do chamado “regime do terror”: a morte de Robespierre, o triunfo da reação à Revolução, segundo o autor.
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ItemL'Entr'aide : un facteur de l'évolution(Hachette, 1910) Kropotkine, PierreL'Entr'aide: un facteur de l'évolution (em português: Mutualismo: Um fator de evolução) é uma obra escrita em 1902 por Piótr Kropotkine – geógrafo, escritor e ativista político russo do século XIX, considerado o fundador da vertente anarco-comunista –, apresentada, aqui, em tradução francesa publicada em 1910. A obra, elaborada por Kropotkine quando vivia exilado em Londres, apresenta exemplos de cooperação inter e infra-espécies, contrapondo-os às premissas do darwinismo social. Para o autor, o darwinismo social - assim como a proposta da teoria darwinista em si - apresenta como seu principal fator a competição, de modo que os mais aptos venceriam os mais fracos na luta pela sobrevivência. Partindo de suas expedições científicas como geógrafo à Sibéria e à Manchúria, bem como de fatos da história mundial, Kropotkine lança mão de diversos exemplos para sustentar a tese de que, diferentemente do que pensavam os darwinistas, a competição agressiva não seria o fator essencial para a evolução, mas sim que o mutualismo seria a principal força na garantia da sobrevivência e do progresso de um grupo. Para prová-la, o autor aborda casos de mutualismo em diversas comunidades: formigas e abelhas; pássaros e mamíferos de diferentes espécies; homens primitivos, como os australianos e os papuas, entre outros; povos bárbaros, cujas grandes migrações tornaram as interações necessárias; passando, ainda, por comunidades medievais, e chegando, enfim, a sua contemporaneirdade. A intenção do autor, no entanto, não era desqualificar a proposta darwiniana, mas, antes, relativilizá-la no tocante à sua utilização ampla (como ocorreu na sociologia e na economia), e alertar para o fato de que, sobretudo quando tratamos de relações humanas, forças tão significantes como o mutualismo são subestimadas. Para muitos estudiosos, L'Entr'aide: un facteur de l'évolution se configura como a obra mais representativa do pensamento kropotkiniano.
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ItemLa révolution et l'église : études critiques et documentaires(Armand Colin, 1910)Albert Mathiez (1874-1932) foi um importante historiador francês. Formado na École normale supérieure em 1897, foi professor no Liceu Voltaire, doutorando-se pouco depois com duas teses orientadas por Alphonse Aulard: La Theóphilanthropie et le culte décadaire: essai sur l’histoire de la Révolution 1796-1801 e Les origines des cultes révolutionnaires (1904). Professor substituto nas universidades de Caen, Lille e Nancy, antes de conquistar uma cadeira em Besançon, em 1909, lecionou também em Dijon de 1919 a 1926. Membro do Partido Comunista na década de 1920, Mathiez publicaria nesse momento algumas de suas melhores obras, nas quais dedicou considerável atenção à política socioeconômica dos jacobinos. Suas convicções de esquerda e suas declarações em defesa da Grande Revolução Socialista de Outubro o impediram de ser convidado para lecionar na Sorbonne até 1925, quando sucederia Aulard. Fundador, em 1909, da revista Annales révolutionnaires, Mathiez publicou inúmeros estudos, tais quais: La Révolution et l’Église (1911), Les Grandes Journées de la Constituinte (1912), La Révolution et les étrangers (1918), La vie Chère et le mouvement social sous la Terreur (1926), mas sua obra essencial sobre esse panorama foi La Révolution Française (1922-27) em três volumes que foram completados posteriormente por La Réaction thermidorienne (1929) e Le Directoire (obra póstuma, 1934). Uma das principais contribuições de Mathiez foi a revisão das teses de Aulard, destacando o papel essencial de Robespierre na história revolucionária e que resultaria nos Études robespierristes em 2 volumes (1917-1918) e Robespierre terroriste (1921). A Revolução e a Igreja é uma reunião de estudos sobre as relações entre a Igreja e a Revolução francesa O primeiro trata de como os filósofos do século XVIII francês conceberam a relação entre Estado e Igreja, relação que, para Mathiez, teria sido menos da ordem da separação de ambos, do que submissão da Igreja, com a nacionalização do catolicismo e sua incorporação à nova ordem. O segundo estudo aborda o modo como, para resistir às arbitrariedades do Estado, padres retomaram a teoria medieval de duas forças elaborada pelos papas contra os imperadores, e que teria sido um modo de a própria Igreja defender-se da Revolução. O terceiro estudo, intitulado “Robespierre e a descristianização”, dedica-se às perguntas que se teriam feito os revolucionários sobre as consequências da separação da Igreja, uma delas: “exterminaremos o catolicismo para puni-lo por não ter se adaptado à nova sociedade?” (p.10). O quarto estudo trata do regime legal dos cultos durante a Revolução e sobre o seu funcionamento. O quinto estudo dedica-se à teofilantropia, espécie de nova religião republicana, sobre há qual Mathiez escreveu um livro (La Théophilanthropie, 1904). O sexto estudo aborda os cultos privados e públicos nos sete anos que precederam a Concordata. O último estudo, finalmente, explicita o sentido da Concordata e o preço pago pela trégua momentânea entre Igreja e Estado.
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ItemDiscours de Danton(Hachette, 1910) Fribourg, André"André Fribourg (1887-1948) foi um político francês, eleito deputado pelo Departamento de Ain, na região do Rhône-Alpes, para os mandatos parlamentares de 1919-28 e 1932-36. Jornalista, professor de História e historiador, foi autor de livros como Les Martyrs d’Alsace et de Lorraine (Plon-Nourrit et Cie, Paris, 1916), sobre os assassinatos e perseguições cometidos pelos alemães na Primeira Guerra, La Victoire des vaincus (Denoël, Paris, 1938), sobre o posicionamento da França com relação ao governo hitleriano, e L’Italie et nous (Éditions Paul Dupoint, 1947), sobre o sentimento antifrancês na Itália. Discursos de Danton (1910) é uma edição crítica de 37 discursos de Georges Jacques Danton (1759-1794), um dos principais oradores e personagens da Revolução francesa, Ministro da Justiça de agosto a setembro de 1792, deputado da Convenção nacional e guilhotinado face a um processo controverso, em 5 de abril de 1794. Com breve aparato explicativo, prefácio de Gustave Lanson e introdução de André Fribourg que retraça a vida de Danton na perspectiva heroica de críticos como Alphonse Aulard — cuja Histoire politique de la Révolution française (Paris, 1901) é referida em nota, e para quem Danton seria a figura principal da Revolução — Discursos de Danton permite percorrer a sua atividade política de 1790 como tribuno nas Assembleias gerais no Club des Cordeliers, distrito de Saint-Germain-l’Auxerrois, em Paris, até o momento em que é proibido de falar em sua própria defesa, diante do Tribunal revolucionário de 1794, ao qual teria respondido: “que nos levem então ao cadafalso” (p.271). Desse conjunto consta o importante discurso “Sobre a reunião das províncias belgas à França” de 31 de janeiro de 1873, em que expõe, como nos demais discursos, com uma “eloquência revolucionária” talvez imprópria à leitura silenciosa, segundo Lanson, a sua teoria das fronteiras naturais francesas: “Aí estão os limites da França; nenhum poder humano poderá nos impedir de atingi-los, nenhum nos levará a ultrapassá-los (...) Chegamos ao momento em que o universo verá nossos últimos esforços. Esses esforços triunfarão sobre todos.” (p.86)"
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ItemLe déclin de l'esclavage antique(Marcel Rivière, 1910) Ciccotti, Ettore
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ItemLes pamphlets de Marat(Eugène Fasquelle, 1911) Marat, Jean-Paul
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ItemLa République romaine : les conflits politiques et sociaux(Ernest Flammarion, 1913) Bloch, Gustave"Gustave Bloch (1848-1923) foi professor no liceu de Besançon, na Faculté de Lettres de Lyon e, posteriormente, na École Normale Supérieure e na Université de la Sorbonne, ambas em Paris. Especialista em História Romana, publicou obras como Les origines du Sénat romain (E. Thorin, 1883), originalmente sua tese de doutorado, além de Les origines, la Gaule indépendante et la Gaule romaine (tomos 1 e 2 da Histoire de France des origines à la Révolution organizada por Ernest Lavisse para a editora Hachette em 1900 e republicada desde então) e de L’Empire romain: évolution et décadence (Flammarion, 1922). Gustave Bloch foi também pai do conhecido historiador francês Marc Bloch, fundador com Lucien Febvre da Escola dos Annales. Em sua A República romana: os conflitos políticos e sociais (1913), Bloch traça um panorama dos diversos conflitos na Roma Antiga. Como Fustel de Coulanges, de quem foi aluno, está atento a instituições como o Senado, as assembleias populares, mas também a família, de que a cité, a cidade, seria a imagem (com todo o seu caráter conservador no sentido da manutenção do patrimônio), instituições que, como para Fustel, teriam se perenizado na Gália. Dividida em três partes, a primeira delas trata da relação entre patriciado e plebe, a partir, sobretudo, da crescente ocupação por parte desta dos espaços e poderes públicos, como a magistratura, com a consequente conquista da igualdade civil e política. A segunda percorre o apogeu e a decadência da nobreza e das classes médias romanas; descreve, para isso, a difícil conciliação entre a República, a expansão do império e a participação dos vencidos nas diversas instâncias do direito cívico em Roma. Com isso, um fosso que se amplia entre as classes, dado pela divisão desigual da riqueza proveniente das guerras e que acaba por erigir uma oligarquia política e financeira. A terceira, por fim, apresenta as tentativas de reforma com objetivo de conter a acumulação de capital: limitando as ocupações do domínio público, contendo o avanço do latifúndio. Somam-se a elas reformas do Senado, como a ampliação de seus membros, insuficientes, como as demais, para conter a decadência do projeto republicano, cujos inúmeros atores e pormenores são descritos com notável precisão, mas também com certo desencanto diante da deriva monárquica — “erro de todos e fatalidade das circunstâncias” (p. 307) — que lhe sucederia."
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ItemLes grandes journées de la Constituante, 1789-1791(Hachette, 1913) Mathiez, Albert"Albert Mathiez (1874-1932) foi um importante historiador francês. Formado na École normale supérieure em 1897, foi professor no Liceu Voltaire, doutorando-se pouco depois com duas teses orientadas por Alphonse Aulard: La Theóphilanthropie et le culte décadaire: essai sur l'histoire de la Révolution 1796-1801 e Les origines des cultes révolutionnaires (1904). Professor substituto nas faculdades de Caen, Lille e Nancy, antes de conquistar uma cadeira na universidade Besançon, em 1909, lecionou também em Dijon de 1919 a 1926. Membro do Partido Comunista na década de 1920, Mathiez publicaria nesse momento algumas de suas melhores obras, nas quais dedicou considerável atenção à política socioeconômica dos jacobinos. Suas convicções de esquerda e suas declarações em defesa da Grande Revolução Socialista de Outubro o impediram de ser convidado para lecionar na Sorbonne até 1925, quando sucederia Aulard. Fundador, em 1909, da revista Annales révolutionnaires, Mathiez publicou inúmeros estudos, tais quais: La Révolution et l’Église (1911), Les Grandes Journées de la Constituinte (1912), La Révolution et les étrangers (1918), La vie Chère et le mouvement social sous la Terreur (1926), mas sua obra essencial sobre esse panorama foi La Révolution Française (1922-27) em três volumes que foram completados posteriormente por La Réaction thermidorienne (1929) e Le Directoire (obra póstuma, 1934). Uma das principais contribuições de Mathiez foi a revisão das teses de Aulard, destacando o papel essencial de Robespierre na história revolucionária e que resultaria nos Études robespierristes em 2 volumes (1917-1918) e Robespierre terroriste (1921). As grandes jornadas da Constituinte é, sobretudo, a compilação e reprodução de documentos históricos relacionados com a Revolução francesa, com um volume considerável, portanto, de informação bibliográfica. Dividido em seis capítulos, os dois primeiros percorrem os acontecimentos principais que levaram à queda da Bastilha, como o juramento do Jeu de Paume, e a formação de uma assembleia constituinte, não sem recorrer a testemunhos como o de Rabaut Saint-Étienne do que teria sido esse juramento. O terceiro capítulo, intitulado “O rei e a assembleia de Paris”, apresenta as causas da insurreição de outubro, explicitando os acontecimentos desses dias a partir da narrativa do marquês de Saxe. O quarto, intitulado “Federação”, reúne vários depoimentos da jornada do 14 de julho de 1790. O quinto capítulo aborda a fuga do rei. O sexto, finalmente, trata do papel importante do Club des Cordeliers na deposição de Luís XVI, assim como do massacre do Campo de Marte, visto como um ato de “guerra de classes” (p.121)."
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ItemLa victoire en l'an II : esquisses historiques sur la défense nationale(Félix Alcan, 1916) Mathiez, Albert"Albert Mathiez (1874-1932) foi um importante historiador francês. Formado na École normale supérieure em 1897, foi professor no Liceu Voltaire, doutorando-se pouco depois com duas teses orientadas por Alphonse Aulard: La Theóphilanthropie et le culte décadaire: essai sur l'histoire de la Révolution 1796-1801 e Les origines des cultes révolutionnaires (1904). Professor substituto nas faculdades de Caen, Lille e Nancy, antes de conquistar uma cadeira na universidade Besançon, em 1909, lecionou também em Dijon de 1919 a 1926. Membro do Partido Comunista na década de 1920, Mathiez publicaria nesse momento algumas de suas melhores obras, nas quais dedicou considerável atenção à política socioeconômica dos jacobinos. Suas convicções de esquerda e suas declarações em defesa da Grande Revolução Socialista de Outubro o impediram de ser convidado para lecionar na Sorbonne até 1925, quando sucederia Aulard. Fundador, em 1909, da revista Annales révolutionnaires, Mathiez publicou inúmeros estudos, tais quais: La Révolution et l’Église (1911), Les Grandes Journées de la Constituinte (1912), La Révolution et les étrangers (1918), La vie Chère et le mouvement social sous la Terreur (1926), mas sua obra essencial sobre esse panorama foi La Révolution Française (1922-27) em três volumes que foram completados posteriormente por La Réaction thermidorienne (1929) e Le Directoire (obra póstuma, 1934). Uma das principais contribuições de Mathiez foi a revisão das teses de Aulard, destacando o papel essencial de Robespierre na história revolucionária e que resultaria nos Études robespierristes em 2 volumes (1917-1918) e Robespierre terroriste (1921). Em A Vitória no ano II, Mathiez se interessa pela história militar francesa para relatar alguns dos acontecimentos desse ano, conforme instituído pelo calendário republicano ou calendário revolucionário francês. Durante seu transcurso, a Convenção através do Comitê de Saúde Pública confrontaria várias insurreições, invasões e a ameaça de uma guerra civil. Assim, adotando uma perspectiva heroica, Mathiez pergunta-se ao longo deste livro “como a primeira República soube vencer” e “com que meios materiais e morais soube superar esses obstáculos formidáveis”. Assim, traça um panorama das dificuldades — recrutamento, formação de exército, participação de voluntários — e morais, por assim dizer, relativas à organização, comando e papel dos poderes públicos, na tentativa de contextualizar o que teria sido a passagem do sistema de um exército de profissão para a concepção de um exército nacional, e entender “as razões para a vitória”. Uma delas: “porque foram e permaneceram como eram, revolucionários” (p. 272)."
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ItemDe la dictature de l'impérialisme à la dictature du prolétariat : (La lutte des classes et la révolution en Russie)(Universa, 1918) Boukharine, Nikolaï Ivanovitch"Nikolai Bukharin (1888-1938) foi um dos principais intelectuais e líderes revolucionários soviéticos, membro do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), tendo estado próximo de Lênin, que visita na Cracóvia em 1912 e que o chamaria, em seu testamento, de “filho querido do partido”, de Stalin, auxiliando-o na redação de Marxismo e o problema nacional e colonial (1913), e de Trotski. Estudioso da obra de Karl Marx, no período em que viveu exilado em Viena, foi um dos formuladores da economia soviética com a publicação, dentre outros, de A Economia do período de transição (1920), de Teoria do materialismo histórico (1921) e de O Imperialismo e a acumulação do capital (1924), além de ter dirigido o jornal oficial Pravda no pós-1917. Autor de inúmeras obras, como o ABC do comunismo (1919), um dos textos de maior circulação sobre o bolchevismo, escrito em parceria com Ievgueni Preobrajenski, Bukharin foi acusado durante os processos de Moscou (1936-1938), série de julgamentos dos opositores de Stálin, condenado à morte e executado. Sua reabilitação data de 1988, durante o governo de Mikhail Gorbachev. Publicado, assim como O Programa dos comunistas, num período de notável atividade internacional de Bukharin, que irá a Berlim em duas oportunidades em 1918, para a comissão encarregada pelo tratado de Brest-Litovsk, Da ditadura do Imperialismo à ditadura do proletariado: a luta de classes e a Revolução na Rússia, pequeno livro de 72 páginas, retraça os últimos acontecimentos da queda do regime imperialista na Rússia cuja contrarrevolução, para Bukharin, estaria sendo financiada pelo capital internacional. Assim, assinala ao longo desse panfleto os modos com os quais Aleksandr Kerenski, então líder do governo provisório, estaria aliado a esse capital. Em seguida, como a burguesia — a “aristocracia do dinheiro”, em suas palavras, os grupos comerciais e industriais — mas também os “generais reacionários” teriam exigido, face à decomposição dos partidos de coalizão e ao rápido crescimento do partido proletário, uma ditadura militar sob a figura de Korniloff. Contra todos eles, a resposta do “levante das massas”, dentre elas os camponeses, movimento agrário que Bukharin vê com enorme entusiasmo.Tal levante conduziria à Revolução de Outubro, cujos movimentos preparatórios descreve como se fosse um diário de guerra, tentado demarcá-la, ademais, de outras revoluções que julga como burguesas, porque incapazes de modificar a monopolização dos meios de produção."
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ItemLa Révolution et les étrangers : cosmopolitisme et défense nationale(La Renaissance du Livre, 1918) Mathiez, Albert"Albert Mathiez (1874-1932) foi um importante historiador francês. Formado na École normale supérieure em 1897, foi professor no Liceu Voltaire, doutorando-se pouco depois com duas teses orientadas por Alphonse Aulard: La Theóphilanthropie et le culte décadaire: essai sur l'histoire de la Révolution 1796-1801 e Les origines des cultes révolutionnaires (1904). Professor substituto nas faculdades de Caen, Lille e Nancy, antes de conquistar uma cadeira na universidade Besançon, em 1909, lecionou também em Dijon de 1919 a 1926. Membro do Partido Comunista na década de 1920, Mathiez publicaria nesse momento algumas de suas melhores obras, nas quais dedicou considerável atenção à política socioeconômica dos jacobinos. Suas convicções de esquerda e suas declarações em defesa da Grande Revolução Socialista de Outubro o impediram de ser convidado para lecionar na Sorbonne até 1925, quando sucederia Aulard. Fundador, em 1909, da revista Annales révolutionnaires, Mathiez publicou inúmeros estudos, tais quais: La Révolution et l’Église (1911), Les Grandes Journées de la Constituinte (1912), La Révolution et les étrangers (1918), La vie Chère et le mouvement social sous la Terreur (1926), mas sua obra essencial sobre esse panorama foi La Révolution Française (1922-27) em três volumes que foram completados posteriormente por La Réaction thermidorienne (1929) e Le Directoire (obra póstuma, 1934). Uma das principais contribuições de Mathiez foi a revisão das teses de Aulard, destacando o papel essencial de Robespierre na história revolucionária e que resultaria nos Études robespierristes em 2 volumes (1917-1918) e Robespierre terroriste (1921). Em A Revolução e os estrangeiros: cosmopolitismo e defesa nacional, Mathiez percorre, em contraste com guerra de 1914, contemporânea à elaboração do livro, a política da Revolução francesa em relação aos estrangeiros que viviam na França. Concentra-se, sobretudo, no ano de 1793, quando os revolucionários se viram confrontados com um alinhamento das aristocracias internacionais e da Igreja com o que chamou de “privilegiados franceses”. Parte deles teria emigrado para buscar meios para “castigar seus vassalos revoltados” (p.2). Todavia, nenhuma medida teria sido tomada pelos revolucionários com relação aos austríacos e prussianos que permaneceram na França. Isso até outubro de 1793, quando, “contra a vontade”, diria Mathiez, abandonaram o seu ideal humanitário e a perspectiva cosmopolita, adotando medidas de repressão: “despotismo da liberdade para derrotar o despotismo dos reis” (p.190)."
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ItemDe la révolution d'octobre à la paix de Brest-Litovsk(Édition de la revue Demain, 1918) Trotski, Leão
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ItemHistoire de la révolution de 1848(Delagrave, 1918) Bouniols, Gaston"Gaston Bouniols (1889-1940) foi um político francês. Filho do vice-prefeito de Molières e doutor em Direito, fez carreira na diplomacia e representou o governo francês junto ao governo sérvio em 1913. De volta à França com o fim da guerra, participou da Comissão das reparações e da dívida austro-húngara. Foi posteriormente eleito prefeito de Molières em 1925 e nomeado presidente da Assembleia departamental em 1928. Nesse momento aderiu ao partido radical socialista com o qual foi eleito senador em 1934. Publicou, dentre outros, Les conseils de guerre: un débat sous la Restauration (Paris, 1907) e Thiers au pouvoir (1871-1873), reunião de cartas que anotou e comentou de Adolphe Thiers, segundo presidente da República francesa (Paris, 1921). Os precursores, História da revolução de 1848 trata da segunda revolução do século XIX francês, que poria fim à Monarquia de Julho, dando nascimento à breve Segunda República. Dividido em seis grandes capítulos, o primeiro deles apresenta os motivos que levaram à Revolução, com alguns de seus personagens principais: Guizot, Louis-Philippe, Odilon Barrot e Lamartine, cujo discurso do 13 de março de 1834, espécie de súmula, é reproduzido: “O espírito social substituiu o espírito monárquico. É a esse novo espírito que devemos pedir forças para o futuro: não são mais leis monárquicas, mas leis de consciência pública, de razão e de liberdade que precisamos fazer” (p.5). Bouniols investiga, assim, vários dos projetos de lei de proteção social elaborados nesse período, como o que regulamentaria o trabalho das crianças nas manufaturas. Apresenta, além disso, as razões que levaram à manifestação de 22 de fevereiro, que reuniu estudantes e trabalhadores. O segundo capítulo percorre a manifestação do dia 23, confrontada pela Guarda Nacional, que assassinaria 52 oposicionistas do governo Guizot no bulevar dos Capuchinhos, em Paris, e a abdicação de Louis-Philippe, com a consequente instauração de um governo provisório. Trata, igualmente, da reforma bancária, com a centralização de sua atividade e limitação dos juros; das reformas democráticas que foram, nesse momento, implementadas, e que tiveram como algumas de suas medidas a aprovação do sufrágio universal masculino e a abolição da escravidão nas colônias francesas; das eleições gerais do 23 de abril, que contaria com a participação de escritores como o próprio Lamartine, além de Béranger, Vigny e, mais tarde, Victor Hugo, e da criação de diversas comissões que fariam desses governantes de 1848, segundo Bouniols, “nossos precursores” (p.61), perspectiva que reforçaria em nota: “que ministro de nosso tempo não formularia o mesmo programa?” (p.63). O terceiro capítulo, intitulado “A obra do sufrágio universal”, relata várias das decisões da Assembleia Nacional e os desdobramentos da vida parlamentar. Assinala também as dificuldades, face à crise econômica, que começaram a enfrentar os ateliês nacionais, importante organização de oferta de trabalho aos desempregados parisienses e símbolo da política social de 1848, além da crescente popularidade de Louis Bonaparte, eleito deputado constituinte. O quarto capítulo trata da dissolução dos ateliês nacionais, que levará à insurreição de junho duramente reprimida pelo general Eugène Cavaignac, então Ministro do Exército e eleito, posteriormente, chefe do poder executivo. O quinto capítulo, intitulado “A República burguesa”, relata a eleição do novo presidente da Assembleia e a elaboração de vários projetos do parlamento, como o de reorganização do Ensino primário ou o imposto sobre doações e sucessões. Explicita, igualmente, a aproximação do general Cavaignac de posições conservadoras, “vigilante na manutenção da ordem, preocupado com o apaziguamento e a estabilidade, seguro para os proprietários e as classes médias” (p.313), moderação política que Bouniols chamaria de “República circunspecta”. Finalmente, o último capítulo percorre a Constituição, cujas leis do Direito público permaneceriam atuais: a proibição de prisões ilegais, a abolição da escravidão, a liberdade de culto, de reunião, de imprensa, a admissão de todos aos cargos públicos, a instituição do ensino primário gratuito, etc. Bouniols não deixa de explicitar, contudo, equívocos, omissões, como o direito ao trabalho, e disputas com relação, por exemplo, às regras de funcionamento do próprio poder legislativo e da eleição para presidente, se por meio de Assembleia ou sufrágio universal masculino, posição vencedora que foi defendida, dentre outros, por Lamartine (pp.385-386). Tal modelo teria sido o responsável pela chegada ao poder de Louis Bonaparte, com o apoio de jornais como La Presse e Le Constitutionnel, mas também pelo golpe que, uma vez eleito, promoveria pouco depois (p.430)."
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ItemLa Révolution allemande (novembre 1918-janvier 1919)(Payot, 1919) Gentizon, PaulPaul Gentizon foi um escritor e jornalista suíço que nasceu em 1885. Começou sua carreira no mundo editorial como secretário da Gazette de Lausanne, posteriormente, foi correspondente do jornal Le Temps, na Rússia. Sucessivamente, mudou-se para a Alemanha, para os Balcãs, à Ásia Menor e, por último, para Roma como enviado especial do jornal Le Temps. Durante sua última estadia, o jornalista foi diretamente confrontado com a ascensão do fascismo e com o início da guerra. Expulso da península, Gentizon parte para a Suíça, onde colabora com várias revistas: Le Corriere del Ticino, La Gazette de Lausanne e, por último, Le Mois Suisse. Por meio de suas colaborações nesta última revista, ele pode diretamente expressar, com cerca de mil páginas, o que pensava sobre política externa. Entre seus artigos, Gentizon escreveu, em outubro de 1940, um intitulado “L’Europe de demain” no qual fala a favor do nascimento de uma nova ordem europeia dominada pelo Eixo. Após a publicação desse artigo inicia a radicalização política da revista. Em 1944, Gentizon colaborou também no jornal italiano Il Corriere della Sera. Além disso, é o autor de numerosos livros e artigos sobre a Itália, Bulgária, Grécia, Roménia e Turquia. Paul foi também confidente de Mustafa Kemal Atatürk, oficial do exército e fundador da República da Turquia e de Benito Mussolini, político italiano que liderou o Partido Nacional Fascista. Paul faleceu em 1955. A revolução alemã se deu nos anos 1918 e, 1919, marcou o final da Primeira Guerra Mundial, culminando na derrubada do Kaiser, abolição da monarquia e instituição de uma república democrática parlamentar. Em 1919, Gentizon publica a obra La révolution allemande, que é dividida em 14 capítulos e, nelas, o autor descreve o período que compreende os acontecimentos que se deram de novembro de 1918 a janeiro de 1919. O relato feito pelo jornalista suíço se inicia com suas primeiras impressões após chegar na cidade de Lindau e os efeitos do pós guerra na região. Sua narrativa segue através do drama da revolução até a instauração da república em Munique, o bolchevismo, os soldados, a fome e a situação política após esses eventos. A obra ainda conta com opiniões e algumas entrevistas de intelectuais da época, como Theodor Wolff e Maximilian Harden.
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ItemLa república rusa(Calpe, 1920) Malone, Cecil L'ExtrangeCecil L’Estrange Malone (1890-1965) é considerado o primeiro membro comunista da House of Commons do parlamento britânico. Depois de servir na marinha, ter sido pioneiro da aviação naval e promovido coronel do exército, Malone foi eleito deputado pela coalizão liberal em 1918. No ano seguinte, visitou a Rússia, momento em que mudaria de convicções políticas. Assim, de retorno à Inglaterra, apoiou a campanha Hands Off Russia, contra a intervenção inglesa ao lado do Exército Branco, e integrou mais tarde o British Socialist Party, que se tornaria em 1920 o Communist Party of Great Britain, no qual permaneceu até 1924. Publicado originalmente em 1920, A República russa é, segundo o autor, “uma pintura viva e verdadeira do aspecto externo do avanço dos assuntos da república mais nova do mundo, tal como os dirigentes desta o dão a ver ao estrangeiro” (p.12). Em viagem a Rússia pós-revolução, e sob a forma de um diário, Malone apresenta em breves capítulos desde as dificuldades que teve para chegar ao país de destino até as marcas em todo lado da guerra civil, ambiente geral, diria, “que do ponto de vista burguês era sem dúvida deprimente” (p.33). A partir de uma análise da situação “política, social e militar da Rússia dos soviéticos” e no intuito de confirmar a viabilidade de um projeto de paz na Europa Oriental, expõe, igualmente, algumas das doutrinas socialistas, como o “princípio moral de que toda pessoa capacitada deve produzir um trabalho útil para o Estado” (p.36). Fala de suas conversas com Trotsky, ao qual manifestaria o receio de um império baseado no crescente espírito militar (p.72). Relata sua visita a instalações industriais, a igrejas “intactas”, a prisões. Propõe, finalmente, uma lista de orientações do que deveria ser a política inglesa para a Rússia, subsumida a um objetivo principal: “fazer todo o esforço possível para dar à República dos soviéticos a paz interior e exterior, e estabelecer laços comerciais com ela, para o bem da humanidade e da prosperidade de todos os países” (p.175).