Navegando por Autor "Voltaire"
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Item Mémoires pour servir à la vie(Librairie des Bibliophiles, 1886) Voltaire"François-Marie d’Arouet [Voltaire], mais bem conhecido como Voltaire, nasceu a 21 de novembro de 1694 em Paris, tendo vindo a falecer na mesma cidade, em 1778, a 30 de maio. Proveniente de uma rica e tradicional família aristocrática, parte da elite francesa durante o reinado de Luís XIV, Voltaire obteve uma ótima educação no Lycée [Liceu] Louis-le-Grand [que fora antes o Collège [Colégio] de Clermont], na capital do reino. Seu pai, ativo na cultura literária da época, introduziu-o nas letras modernas. Desde o início de sua juventude, mesmo contra a vontade paterna, Voltaire aspirou a imitar seus ídolos Molière [1622-1673], Racine [1639-1699] e Corneille [1606-1684], com o objetivo de tornar-se dramaturgo. Em respeito ao pai, contudo, estudou direito como aprendiz de advogado, tendo posteriormente exercido o cargo de secretário de um diplomata francês. Mas Voltaire acabaria por abandonar tais funções, voltando-se para a sociedade libertina de Paris, na década de 1720, entre os reinados de Louis XIV, o Rei-Sol [1638-1715], e Louis XV [1710-1774], respectivamente transcorridos entre 1643 e 1715 e 1715 e 1723, no período nomeado Régence. Sem muitas dificuldades para tornar-se uma figura popular, Voltaire foi capaz de estabelecer-se como homem independente de letras em Paris, iniciando sua carreira com a publicação de seu Œdipe [Édipo], lançado em 1718, releitura da tragédia antiga de mesmo nome. A partir dela, passa a autonomear-se Voltaire. Exilado na Inglaterra entre 1726 e 1729 [após ter sido acusado de difamação por um nobre aristocrata francês], Voltaire amadurece profundamente em tal período sua própria formação filosófica, a tal ponto que, não obstante o exagero, Lord Morley afirmaria: “Voltaire left France a poet and returned to it a sage.” [Voltaire deixou a França como poeta e returnou a ela como sábio] É bastante conhecida a satiricamente impiedosa caracterização do filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz [1646-1716] e do otimismo do melhor dos mundos possíveis por Voltaire em seu romance Candide [Cândido], através do personagem Dr. Pangloss. As Memórias para servir à vida do Sr. Voltaire, escritas pelo próprio, obra, no caso presente, editada “par un bibliophile” [“por um bibliófilo”] e publicada pela “Librairie des Bibliophiles” [Livraria dos Bibliófilos], em Paris, em 1886, não sendo um texto cuja densidade filosófica o credenciasse para uma apreciação do pensamento voltairiano, é escrito que cobre um arco de vinte e sete anos, de 1733 a 1760. Como a ele refere-se o editor do presente volume, estas Memórias ”são menos uma autobiografia do autor de Cândido do que um relato circunstanciado de suas relações e desavenças com Frederico II, rei da Prússia.” Tanto é assim que, sempre segundo o mesmo editor, “há até uma edição das Memórias intitulada: A Vida Privada do Rei da Prússia ou Memórias etc.” E, na biblioteca digital [Gallica] da Bibliothèque nationale de France [Biblioteca Nacional da França], a mesma obra tem o título de: “La vie privéee du Roi de Prusse. Ou Mémoires etc.” [A vida privada do Rei da Prússia ou Memórias etc.], e, ademais, o seguinte subtítulo: “Anecdotes du Roi de Prusse. Ou Mémoires etc.” [Anedotas do Rei da Prússia ou Memórias etc.]. Não sendo uma obra densamente filosófica, tampouco, a rigor, uma autobiografia propriamente dita de Voltaire, as Memórias podem mesmo assim oferecer interesse ao pesquisador devotado ao estudo e à reflexão sobre o autor, particularmente no tocante à suas personalidade e biografia."Item Souvenirs(Librairie des Bibliophiles, 1883) Caylus, Madame deMadame de Caylus (1673-1729) foi uma escritora e memorialista francesa. Sobrinha de Madame de Maintenon e filha de um tenente-general das forças navais, foi, desde os sete anos de idade, endereçada aos cuidados de sua tia. Aos treze anos casa-se com um oficial de alta nascença, Jean- Anne, Conde de Caylus, com quem teve dois filhos. Madame de Caylus teria ficado famosa por sua beleza, doçura e inteligência, que rendiam todos que a conheciam. Foi a ela que Racine compôs o prólogo de Esther, de modo que Madame de Caylus teria inclusive interpretado diante da Corte e a pedido do rei diversos personagens dessa tragédia, e notadamente, o seu papel principal. Provavelmente durante os últimos quinze anos de sua vida, ela lançou ao papel, com a ajuda de seu filho, as anedotas e narrativas às quais não ousou chamar de “Memórias”, mas que, ao conselho do filho, modestamente intitulou Souvenirs. Para Voltaire, estas memórias são como um verdadeiro retrato – um quase documento - da corte de Luís XIV: o manuscrito teria caído nas mãos de Voltaire e de Diderot, sendo atribuído ao primeiro a edição, publicação e elaboração do prefácio e das notas da primeira edição. De acordo com Sainte-Beuve, aclamado crítico literário francês do século XIX, “sua pena corre com abandono, com negligência; mas essas negligências são as mesmas que fazem a facilidade e o charme da conversa (...) ela toma de cada pessoa o traço dominante e agarra o que se deve fazer ver em cada um”. Os souvenirs vêm apresentados em forma de boa conversa, de simples relato, sem que se houvesse preocupação com leitores futuros. Esse caráter relativamente informal, íntimo, confere aos fatos e anedotas delineados uma maior veracidade, transformando-os em retratos dos costumes e das ideias, não só de sua autora, mas também da época e da própria sociedade em que ela vivia.