Navegando por Autor "Loisy, Alfred"
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Item Choses passées(Emile Nourry, 1913) Loisy, AlfredAlfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros. Escrito poucos anos depois de sua excomunhão, Coisas passadas é uma breve autobiografia. Nela Loisy se vê como alguém cuja fé ingênua levou à carreira eclesiástica e que não pretendeu, face à evolução de seu pensamento e diante de questões históricas e teológicas, “provocar no catolicismo uma espécie de cisma ou heresia”. Assim, e ao longo de oito capítulos, testemunha apenas em defesa de sua própria história e do “modernismo católico” que teria sido “traduzido com violência à opinião pública”. Percorre, portanto, desde seus anos anteriores ao sacerdócio, descrevendo sua casa natal em Ambrières e sua dedicação precoce aos estudos, até o momento de sua entrada no Collège de France, para ocupar a cátedra anteriormente pertencente a Jean Réville. Passa, igualmente, pelos momentos conturbados da publicação de L’Évangile et l’Église e de sua excomunhão, revelando trechos de sua correspondência no período e de seu diário, onde anotara: “A ortodoxia é a quimera das pessoas que nunca pensaram (...). Todas as pessoas sabem que o sistema do absolutismo romano, no rigor de suas pretensões, é absurdo, imoral, irrealizável. Mas será esse sistema o catolicismo, e pode-se ser católico hoje apesar da Igreja e do papa?” (p.308).Item Études évangéliques(Alphonse Picard et fils, 1902) Loisy, AlfredAlfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros. Contemporâneos à publicação de L’Évangile et l’Église, porém sem contar com sua enorme difusão, os cinco estudos reunidos em Estudos evangélicos aprofundam a leitura do texto do Novo Testamento. O primeiro deles, dedicado às parábolas, pretende, conforme afirma na introdução do livro, “examinar a autenticidade, a natureza, o objetivo e o objeto das parábolas”, questionando o fato de elas eventualmente provirem de outras fontes, como da tradição rabínica, ou terem sido interpoladas no texto dos evangelhos sinópticos. Assim, percorre trechos como a visita de Jesus a um dos chefes fariseus (Lucas, 14), para observar o caráter “frágil e arbitrário” da interpolação, que daria a impressão de constituir a parábola o texto de base original, retocada e completada por trechos descritivos ou doutrinais/alegóricos, “ornando a narrativa ou estendendo a sua significação” (p.27). Do mesmo modo, relaciona as parábolas com a “lei da poesia hebraica”, que seria o paralelismo, vendo-as, contudo, como o centro do ensinamento escatológico de Jesus: “em nenhum outro lugar podemos compreender melhor a noção do reino dos céus que Jesus pregou, o papel que atribui para si no reino, e a realidade do Evangelho vivo” (p.101). Os demais estudos concentram-se no Evangelho de João que, segundo Loisy, faria que a alegorização dos fatos, parcial nos evangelhos sinópticos, abarcasse toda a história do Cristo. Estão dedicados à interpretação de quatro momentos precisos: o prólogo (João 1, 1-18), em que interpretaria a questão do logos/verbo, a encarnação do verbo no batismo de João Batista e o modo com que o texto inicial abraça todo o desenvolvimento posterior do Evangelho; “a água e o espírito” (João 3, 1-21), em que analisa o diálogo de Jesus e Nicodemos e a teoria do “nascimento espiritual” associada com o batismo; “o pão da vida” (João 6), sobre a narrativa da multiplicação dos pães e sua relação com o pensamento da eucaristia, o anúncio da traição de Judas e a paixão, a partir de uma “lógica da transcendência que governaria as antecipações do Evangelho de João” (p.305); e, finalmente, “o grande exemplo”, sobre a cena do lava-pés (João 13, 1-20) e sua relação, menos com a ideia de purificação, do que com a concepção da caridade, de uma “vida sacrificada por amor” (p.325).Item L'évangile et l'Eglise(L'auteur, 1904) Loisy, AlfredAlfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros. O Evangelho e a Igreja tem como ponto de partida refutar as teses do teólogo protestante alemão Adolf von Harnack sobre a essência do cristianismo, conforme apresentadas sob forma de conferências em Das Wesen des Christentums (1900) e cuja doutrina principal seria a de que a centro do Evangelho consistiria unicamente na fé em Deus: “só o Pai e não o Filho é parte integrante da pregação evangélica de Jesus”. Para Alfred Loisy, diferentemente, tal essência deve ser buscada não apenas numa espécie de Evangelho de Jesus, ou no que teria sobrado dele, mas na tradição cristã primitiva como um todo: “Se uma fé, uma esperança, um sentimento, um impulso de vontade dominam o Evangelho e se perpetuaram na Igreja dos primeiros tempos, aí estará a essência do cristianismo, mesmo com as reservas que possamos fazer a respeito da autenticidade literal de algumas palavras ou modificações mais ou menos perceptíveis que o pensamento de Jesus deve ter sofrido ao ser transmitido de geração em geração” (p.xxii). Empreende, assim, uma cuidadosa crítica textual, mas em busca também do movimento religioso de que os textos evangélicos teriam sido a “expressão parcial” (p.6). Observa a coloração messiânica de algumas das narrativas do Evangelho, dentre as quais, as da infância do Cristo. Ou a noção de uma esperança coletiva de que se revestiria o anúncio do reino dos céus fundado na escatologia (p.41e ss.) Contesta a dimensão psicológica que Harnack atribuiria à ideia evangélica de filho de Deus. Toda essa atenção aos textos, à sua situação histórica, tanto quanto a afirmação da permeabilidade desses textos a opiniões e costumes contemporâneos a eles, constituíram a razão da polêmica de L’Évangile et l’Église. É possível pressenti-la em momentos em que Loisy, com notável clareza, explicita: “Jesus foi, sobre a terra, o grande representante da fé. Ora, a fé religiosa só pode se apoiar em símbolos mais ou menos imperfeitos” (p.105). Ou em outros, em que situaria, como Ernest Renan, o lugar histórico e religioso de Jesus: “não deixa de ser verdade que Jesus recolheu e deu vida ao melhor do capital religioso de Israel, e que não o transmitiu como um simples depósito que bastaria apenas aos crentes de todas as idades vigiar, mas como fé viva” (p.125). Não deixam de surpreender, contudo, frases que, descontextualizadas pelos leitores de Loisy, foram a causa da proibição do livro, como: “Jesus anunciava um reino, e foi a Igreja que surgiu”. (p.153) Ou ainda: “se o fim do mundo tivesse chegado nos anos que se seguiram à publicação do Apocalipse, o desenvolvimento eclesiástico não teria acontecido, e a Igreja mal teria existido” (p.161). Elas sugerem o caráter de um desenvolvimento doutrinal ilegítimo, elaborado pela Igreja, que Loisy estaria longe de afirmar e contra o qual se manifestaria em Autour d’un petit livre (1903). Ao contrário, para ele haveria algo de bastante positivo na “condição perpetuamente cambiante da inteligência e das vidas humanas” (p.210), às quais o historiador das religiões deve estar atento. Dedica-se, portanto também ao estabelecimento do culto católico (da Virgem, dos santos, das relíquias), que será matéria da última parte de seu livro.Item La religion d'Israël(L'auteur, 1908) Loisy, AlfredAlfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros. A religião de Israel relata a história da religião judaica de seu surgimento até o período cristão, percorrendo as práticas de seu culto e suas crenças face a outras religiões da antiguidade, tanto quanto compreendendo as suas transformações ao longo do tempo. Para isso, Alfred Loisy se serve, ainda uma vez, de uma “crítica das fontes”, observando como vários dos livros do Antigo Testamento não deveriam ser considerados como escritos homogêneos, mas “compilações anônimas, baseados em fontes anteriores, de origem diversa”(p.10). Dividido em seis capítulos intitulados, respectivamente, “as fontes”, “as origens”, “o iaveísmo antigo”, “o profetismo”, “o judaísmo”, “o messianismo”, analisa, assim, o texto bíblico, testemunhos históricos do período e outros textos, como O livro das guerras de Iavé. Para afirmar, dentre tantas coisas, que o culto monoteísta judaico não teria procedido de cultos politeístas (p.66). Ou que pode ter havido uma herança do totemismo na representação da serpente na qual teria se transformado o cajado de Moisés (pp.81-82). Observa, igualmente, ritos como o da circuncisão, que teria sido praticada anteriormente no Egito como símbolo de pureza religiosa (p.89). Por fim, estabelece vínculos entre o profetismo judaico e o cristão, não sem percorrer e explicitar a constituição dos diferentes grupos judaicos (fariseus, saduceus, essênios) e a relação deles com o cristianismo.Item Les études bibliques(Rousseau-Leroy, 1894) Loisy, AlfredItem Les Livres du Nouveau Testament(Émile Nourry, 1922) Loisy, AlfredAlfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros. Os Livros do Novo Testamento reúnem a totalidade dos Evangelhos, as cartas de Paulo, o Apocalipse de João, os Atos dos Apóstolos, bem como o Evangelho e o Apocalipse de Pedro, dispostos numa possível ordenação cronológica. Ela provém do aprofundamento da visada histórica de Alfred Loisy, na apresentação erudita à reunião, tanto quanto à cada uma de suas partes.Tal visada diz respeito, sobretudo, à atribuição e datação dos textos. Para Loisy,“com exceção das epístolas de Paulo não há um único texto do Novo Testamento cuja atribuição não seja contestável e a data indecisa” (p.8). O Evangelho teria, inicialmente, consistido num ensinamento oral para, só mais tarde, diante do progresso da religião, assumir a forma escrita. Assim, textos como o Apocalipse de João seriam compilações ou teriam sido escritos, ao menos, por um autor e um editor (p. 559). Segundo Loisy, “homens inspirados emprestaram ao Cristo discursos que ele não havia pronunciado, gestos que ele não havia feito, mas que eles tinha visto; outros podem ter escrito em nome de Pedro ou de Paulo, pondo-se em seus lugares numa espécie de visão ou sem quase se dar conta do que chamaríamos de fraude. Na maior parte dos casos, talvez, o nome suposto seja apenas uma honrada etiqueta para dar valor a tal ensinamento ou regra disciplinar que se julgavam dignas dessa recomendação” (p.11) Nesse sentido, a tradução proposta se serve de colchetes para indicar possíveis interpolações nos textos, assim como pretende-se próxima das variações de estilo do texto original.Item Les mystères païens et le mystère chrétien(Émile Nourry, 1919) Loisy, AlfredAlfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros. Os mistérios pagãos e o mistério cristão, conforme afirma o prefácio do livro, teve a sua origem num dos cursos de Alfred Loisy no Collège de France dedicado à questão do sacrifício em diferentes religiões – sacrifício que Loisy aprofundaria mais tarde em Essai historique sur le sacrifice (1920. Trata-se, aqui, desse lugar do sacrifício no paganismo, mas também na religião cristã: “há em todos esses cultos um mito da salvação e um rito da salvação estreitamente ligados; o rito como a continuação do fato divino inicial, que exprime o mito, e o meio de perpetuar sua eficácia benéfica. Zagreu devorado e retornado à vida, Deméter perdendo sua filha e a reencontrando, Átis mutilado, morto e ressuscitado, Osíris assassinado e desmembrado por Seth, ressuscitado por Isis, Mitra imolando o touro para a criação dos seres, o Cristo, morrendo para a salvação dos homens e ressuscitando na glória de seu Pai, puseram na origem o fato divino por meio do qual são salvos todos aqueles que, crendo em seu nome, recomeçarão misticamente nos ritos da iniciação sagrada a experiência da divina provação e do divino triunfo” (p.17). Loisy percorre, assim, na primeira metade do livro, cultos, mitos e mistérios consagrados a Dionísio, Orfeu, Elêusis, Cibele e Átis, a Isis e Osiris, Mitra, dentre outros. Na segunda, volta-se ao culto cristão e à pregação de Paulo, perguntando-se “como o Novo Testamento e especialmente as epístolas de São Paulo atestam a metamorfose que do profeta que anunciava o reino de Deus, do Messias que veio realizar a esperança de Israel, fez um deus salvador, um ser celeste encarnado para abrir aos homens por sua morte e sua ressurreição o caminho da imortalidade” (p.22).Item A propos d'histoire des religions(Emile Nourry, 1911) Loisy, AlfredAlfred Loisy (1857-1940) foi um renomado padre e teólogo francês. Ex-seminarista do Grand Séminaire de Chalons-en-Champagne, foi aluno de filosofia e, em seguida, professor do Institut Catholique de Paris, onde, desde cedo, esteve encarregado do ensino do texto bíblico. Doutor em teologia com uma tese sobre a história do cânone do Antigo Testamento, publicou La composition et l’interprétation historique des Livres Saints em 1892, em que já afirmaria a importância do método histórico-crítico na interpretação das escrituras. Em virtude disso, foi obrigado a afastar-se do Instituto, ao que seguiu a sua indicação, através de amigos, para um posto na École Pratique de Hautes Études em Paris. É nesse momento que publica L’Évangile et l’Église (1902), obra de enorme repercussão — há um exemplar na Casa Fernando Pessoa, por exemplo —, e uma das responsáveis pelo que se chamou de “crise modernista”. Loisy seria, como consequência, excomungado em 1908, conforme decreto promulgado pelo Santo Ofício: “todo mundo sabe que o padre Alfred Loisy, morador da diocese de Langres, ensinou e publicou teorias que arruínam o fundamento da fé cristã...” Foi posteriormente nomeado para a cátedra de História das religiões do Collège de France, que ocupará até 1933, período de numerosa produção exegética: de livros como La Naissance du christianisme (1933) e Les Origines du Nouveau Testament (1936), dentre outros. A respeito de História das religiões reúne cinco artigos anteriormente publicados por Loisy. O primeiro deles provém de um debate com o livro Orpheus (1909) de Solomon Reinach, a propósito da definição de religião a partir da ideia de tabu ou de um sistema de proibições. O segundo, também suscitado pela publicação de Reinach, dedica-se à popularização e ao ensino de história das religiões em ambiente escolar, face, duplamente, a uma neutralidade que poderia ser da ordem da negação religiosa e a um direito da “criança que crê de não ser violentamente despojada de uma fé que é parte integrante de sua vida moral”(p.20). O terceiro artigo percorre as noções de magia, ciência e religião, buscando semelhanças e diferenças entre elas. No caso da magia e da religião, afirma, por exemplo, que ambas são ritos tradicionais que supõem uma força misteriosa, mas possuem relação diversa com o organismo social ao qual pertencem (p.173). O quarto capítulo investiga a personalidade de Jesus em resposta a uma enquete do Hibbert journal de 1909 intitulada “Jesus ou Cristo” e baseada numa pergunta de Robert Richford Roberts sobre se o Jesus histórico não seria incompatível com o Cristo da teologia. O quinto capítulo, por fim, discute o livro O mito do Cristo do filósofo alemão Arthur Drews, segundo o qual Jesus não teria existido historicamente.