Nouvelles études d’histoire religieuse
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Data
1884
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Calmann Lévy
Resumo
Joseph Ernest Renan (1823-1892) foi um escritor, historiador e filósofo francês. Estudante de teologia no Seminário de Issy de 1841 a 1843, formação que interrompeu face a uma crise religiosa, dedicou-se aos estudos do orientalismo, com uma tese de doutorado em filosofia consagrada à obra de Averroès em 1852 e com a publicação de uma Histoire générale et système comparé des langues sémitiques (1855). Nesse momento escreve inúmeros artigos para a prestigiosa Revue des Deux Mondes e para o Journal des débats. Em 1862, ao retornar de uma missão arqueológica à Fenícia, Síria, Galiléia e Palestina, é nomeado professor de hebreu do Collège de France, sendo suspenso pouco depois em virtude de suas afirmações polêmicas sobre Jesus. É quando decide publicar La Vie de Jesus (1863), texto de enorme repercussão – num período, aliás, de várias outras “vidas de Jesus” como as de Auguste Sabatier e Bernhard Weiss – em que busca retraçar a existência histórica de Jesus, facultando ao estudo dos textos bíblicos, do mesmo modo, a possibilidade de uma análise historico-crítica. A ela se seguiriam outros estudos dedicados ao cristianismo, como os sete volumes de Histoire des origines du christianisme (1863-1883).
Nesse contexto, situam-se também estes Novos estudos de história religiosa, de 1884, em cujo prefácio defenderia a separação da religião do Estado moderno, para que aquela se torne algo livre, “tão individual como a literatura, a arte e o gosto” (p. ix). Serve-se, para isso, do modelo da Inglaterra e dos Estados Unidos na perspectiva de um “progresso geral das luzes”, quando as “crenças sobrenaturais serão minadas lentamente” (p.xiii), mas sem deixe de sobreviver uma religião em sentido elevado para além dos dogmas da Igreja: “os dogmas são passageiros, mas a piedade é eterna” (p. xx). Estes Novos estudos pretendem-se, contudo, mais amplos do que a sugestão do prefácio e abarcam inúmeros assuntos: desde o paganismo, as traduções da Bíblia, Joaquim de Fiore, Galileu, São Francisco de Assis – este por quem seria devoto e que teria tido, depois de Jesus, “a religião a mais imediata da natureza”(p.iii) – passando por três breves estudos dedicados a Port-Royal, além de textos sobre Espinosa, arte religiosa ou sobre o método experimental em religião, em que afirmaria terem as religiões dos tempos atuais encontrado refúgio no coração, tornando-se poesia e sentimento (p. 11).